Sem dinheiro, governo não poderá usar satélite da Telebras

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Há pouco mais de um mês, o governo fez um grande alarde com o lançamento do primeiros satélite 100% brasileiro pela Telebras. No dia do lançamento, 4 de maio, o ministro das Comunicações, Gilberto Kassab, disse que já havia recebido autorização para construir o segundo satélite, que daria total autonomia ao país na transmissão de dados. O satélite lançado custou R$ 2,8 bilhões, quase o triplo do R$ 1,1 bilhão inicialmente projetado.

Pois bem: depois de todo o esforço feito pela Telebras, o governo corre o risco de ficar sem acesso as dados do  satélite porque não tem dinheiro para contratar os serviços da estatal. A previsão inicial era interligar, por meio de banda larga, mais de 7 mil escolas do país, todo o Sistema Único de Saúde (SUS), áreas remotas e, sobretudo, oferecer um ambiente seguro e restrito para a comunicação das Forças Armadas.

Como está com o caixa vazio, o Ministério do Planejamento não só suspendeu a contratação dos serviços da Telebras, como informou não ter dinheiro para bancar a continuidade das obras de infraestrutura para receber os sinais do satélite. Somente neste ano, teria que desembolsar mais de R$ 250 milhões para a construção de pelo menos 1 mil pontos de transmissão.

Negociações

Diretor técnico-operacional da Telebras, Jarbas Valente ressalta que as negociações para a liberação dos recursos pelo Planejamento continuam. Mas o problema não se restringe a 2017. Será preciso garantir orçamento para os próximos anos, de forma que todos os objetivos traçados para o lançamento do satélite sejam alcançados.

O Planejamento informa que um dos caminhos para atender os pleitos da Telebras e permitir a contratação dos serviços do satélite é a aprovação, pelo Congresso, do uso de R$ 8,6 bilhões em precatórios. Esse dinheiro está parado em uma conta-corrente há mais de dois anos. São indenizações pagas pela União, mas que não foram sacados pelos beneficiários.

A Telebras espera que todo o esforço feito até aqui não seja desperdiçado. A empresa garante que, já no ano que vem, começará a rentabilizar o projeto. Mas é preciso que o governo continue fazendo a sua parte.

Brasília, 12h30min

Vicente Nunes