Pelo menos seis empresas — CPFL, Neonergia, Equatorial, Energisa, Enel e EDP, quase todas controladas por capital estrangeiro — vão disputar o controle da CEB Distribuição, companhia responsável por garantir o fornecimento a 1,1 milhão de consumidores do Distrito Federal. O preço mínimo de venda da distribuidora foi fixado em R$ 1,424 bilhão, conforme duas avaliações econômico-financeiras contratadas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Para se ter uma ideia do interesse pela CB Distribuição, somente a CPFL contratou 200 pessoas para avaliar a companhia. Há um data room funcionando, nos qual todos os interessados em participar do processo de privatização podem acessar dados da estatal. O grande interesse pela distribuidora faz com que Governo do Distrito Federal (GDF) trabalhe com um grande ágio sobre o preço mínimo de venda.
O dinheiro arrecadado com o leilão da CEB Distribuição, que deve ocorrer ainda neste ano — foi convocada uma assembleia de acionistas para 13 de outubro, que avalizará o preço de venda — será transferido para a CEB Holding, da qual o GDF tem 80% das ações e o mercado, 20%. Os recursos da operação serão distribuídos em forma de dividendos.
Está definido, também, que, com o dinheiro da privatização, a holding quitará um empréstimo de R$ 173 milhões feito para ajudar a CEB Distribuição. Assim, a controladora ficará sem qualquer endividamento, podendo concentrar seus negócios em iluminação pública e na geração de energia, operação que rende entre R$ 80 milhões e R$ 90 milhões por ano em lucro.
Será criada empresa de iluminação pública
No processo de privatização da CEB Distribuição haverá uma cisão. Quer dizer: será criada uma empresa, que incorporará todo o serviço de iluminação pública. Essa estrutura ficará com a CEB Holding. A futura empresa, a CEB Iluminação Pública, incorporará 100 empregados que estão hoje na distribuidora para as áreas administrativa e de prestação de serviços.
Antes de ser privatizada, a CEB Distribuição quitará, ainda em outubro, o restante de uma dívida de R$ 350 milhões com o GDF, referente a Imposto sobre Circulação de Serviços e Mercadorias (ICMS). Dos R$ 345 milhões, R$ 200 milhões já foram pagos.
Além de honrar esses compromissos, a CEB Distribuição está tendo de lidar com os efeitos da pandemia do novo coronavírus. Cerca de 230 mil consumidores deixaram de pagar as contas de luz em dia. São R$ 120 milhões a menos de receitas por mês. O fornecimento não pode se cortado por decisão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
A distribuidora, no entanto, continua pagando entre R$ 260 milhões e R$ 270 milhões por mês pela compra da energia elétrica que distribuiu aos consumidores. Esse descompasso, por sinal, fez com que a empresa reduzisse de R$ 158 milhões para R$ 100 milhões os investimentos previstos para este ano. É possível que nem os R$ 100 milhões sejam cumpridos.
Brasília, 18h38min