O Ministério da Economia não pode se dizer surpreso com o fechamento de todas as fábricas da Ford no Brasil, depois de 100 anos de atuação da empresa no país. Em janeiro de 2019, logo no início do governo de Jair Bolsonaro, o secretário Especial de Produtividade, Emprego e Competitividade do ministério, Carlos da Costa, disse que, se as montadoras precisassem fechar fábricas, que fechassem.
O recado de Carlos da Costa foi dado, à época, à General Motors (GM), cujos representantes no Brasil relataram, no encontro, que os altos custos tributários no Brasil estavam inviabilizando o funcionamento de várias fábricas da empresa, entre elas, a de São Bernardo do Campo, São Paulo. Disse o secretário de Paulo Guedes: “Se precisar fechar (fábrica), fecha”.
Naquele momento, segundo empresários do setor automobilístico, ficou claro que o setor não teria apoio do governo. A GM resistiu e continua liderando as vendas de carros no Brasil. Já a Ford repassou a fábrica que tinha em São Bernardo para os chineses e, agora, encerra, de vez, as atividades no Brasil.
É importante ressaltar que as montadoras sempre tiveram tratamento privilegiado dos governos brasileiros, independentemente da ideologia. Mesmo com todos os subsídios, não se modernizaram e viram a competição aumentar muito no mercado.
A Ford, simplesmente, perdeu o bonde da história. Contudo, não se pode negar que a sua saída do Brasil é emblemática e explicita o insucesso da política econômica do governo, que não conseguiu levar adiante a esperada reforma tributária.
Brasília, 18h19min