João Gabbardo Reis, secretário executivo; Wanderson de Oliveira, secretário de Vigilância em Saúde; e Erno Harzhein, secretário de Atenção Primária à Saúde, deixaram claro, por mais de uma vez, que não aceitarão a troca de comando no ministério num momento tão importante, pois têm a certeza de que Mandetta está fazendo um trabalho exemplar no combate à Covid-19.
O descontentamento de Gabbardo, Oliveira e Harzhein aumentou nos últimos dois dias, depois que o presidente Jair Bolsonaro, por ciúmes do protagonismo de Mandetta, decidiu retirar do ministério as entrevistas coletivas sobre a situação do avanço do coronavírus no Brasil. Viram, na decisão de Bolsonaro, um claro sinal de retaliação.
Os técnicos, agora, não podem mais responder a perguntas de jornalistas. Limitam-se a apresentar os números da situação da Covid-19 no país. É uma tentativa clara de tentar enquadrar as ações do Ministério da Saúde aos pensamentos do Palácio do Planalto, onde se acredita que a pandemia que deixa de um rastro de mortes no mundo é apenas uma “gripezinha”.
Pedido de calma
Em conversas reservadas com os auxiliares diretos, Mandetta vem pedindo calma a todos, pois o ministério, mesmo cerceado pelo Planalto, tem um trabalho muito sério a fazer, sobretudo em meio à onda de desinformação capitaneada pelo presidente, pelos filhos dele e por adoradores de Bolsonaro nas redes sociais.
Mandetta garantiu aos técnicos que resistirá até quando for possível, pois sabe que tem a seu lado importantes integrantes do governo, que claramente discordam de Bolsonaro. O presidente insiste em acabar com o isolamento social, que vem conseguindo segurar a disseminação da Covid-19, alegando defender a preservação da economia.
Diante dos apelos do ministro, Gabbardo, Oliveira e Harzhein disseram que ficam e que vão fazer de tudo para manter a população informada. Mas se Mandetta cair, tudo mudará de figura. E é muito provável que outros técnicos da equipe do ministro sigam pelo mesmo caminho.
Brasília, 18h31min