Se ganhar, para quem Haddad vai governar?

Publicado em Economia

Diante da velocidade com que está subindo nas pesquisas — passou de 8% para 19%, segundo o Ibope —, Fernando Haddad, candidato do PT à Presidência da República, deverá chegar ao fim do primeiro turno das eleições à frente de Jair Bolsonaro, do PSL, segundo projeções do mercado financeiro.

 

Com bases nos números mais recentes, que garantem um lugar certo para o petista no segundo turno, muitos estão se perguntando para quem Haddad governará caso seja eleito. Ele terá que fechar uma equação bastante complicada. De um lado, terá que atender as grandes expectativas do eleitorado que está transferindo para ele o apoio que dá a Lula. De outro, terá de convencer os agentes econômicos de que não fará nenhuma loucura que possa agravar ainda mais a situação do país.

 

Os eleitores que estão migrando para Haddad se mostram desesperados em relação ao atual quadro do Brasil. Apostam que, com o PT de volta ao poder, o Estado fará forte intervenção na economia, com crédito farto e juros mais baixos, por exemplo. Esse desejo remete à Nova Matriz Econômica, que Dilma Rousseff implantou quando era presidente e que empurrou o Brasil para uma das mais grave recessões da história.

 

Tal possibilidade assusta os investidores, mas eles ainda acreditam que vai imperar o pragmatismo, uma vez que Haddad é o mais tucano dos petistas. A visão é de que, de volta ao Palácio do Planalto, o PT não partiria para o tudo ou nada. Haddad precisará, se eleito, de tranquilidade na economia para retomar politicas sociais que se tornaram a marca do primeiro mandato de Lula. Naquela época, se tivesse radicalizado, em vez de um quadro de inflação e juros em baixa, Lula teria que administrar o caos, minando toda a popularidade e a esperança depositada nele.

 

Portanto, não será fácil para Haddad atender a todos. Antes, porém, de enfrentar esse dilema, terá que vencer as eleições. É importante ressaltar que, em apenas uma semana, as intenções de voto de Haddad aumentaram 11 pontos percentuais. Para tornar Dilma viável como candidata, Lula teve que carregá-la a tiracolo por um ano pelo país.

 

Brasília, 21h19min