Se Biden ganhar, Ricardo Salles e Ernesto Araújo podem limpar as gavetas, dizem especialistas

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Diante da possibilidade de o democrata Joe Biden vencer as eleições nos Estados Unidos — a disputa com Donald Trump está voto a voto —, os ministros do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, já devem começar a limpar as gavetas. Deverão ser demitidos na possível reforma ministerial esperada para fevereiro de 2021.

Segundo Wagner Parente, CEO da BMJ Consultores, Salles e Araújo se tornaram o símbolo da política ideológica defendida por Trump, que não encontra espaço na agenda de Biden. Ou seja, na tentativa de reconstruir as pontes com os EUA, o presidente Jair Bolsonaro terá de abrir mão dos dois ministros, vistos como símbolos do atraso.

Para João Carlos Souto, professor de direito constitucional da UDF, Bolsonaro terá que ceder caso queira evitar um possível isolamento do Brasil pelos EUA. Ele reconhece que, independentemente das boas relações comerciais entre os dois países, o atual governo brasileiro avançou todos os sinais ao se alinhar a Trump.

Para Souto, Salles será o mais visado em caso de vitória de Biden, porque representa o desastre da política ambiental brasileira. O tema é tão relevante, que o democrata usou um debate com Trump para mandar recado ao Brasil sobre as queimadas no país. Disse que, eleito presidente dos EUA, oferecerá US$ 20 bilhões para a preservação da Amazônia.

Wagner Parente acrescenta que, diante da mudança radical na política externa brasileira desde o início do atual governo, Ernesto Araújo também entrou na mira dos democratas. Assim, como forma de manter as portas abertas nas relações com os americanos, Bolsonaro terá que mudar a cara do Itamaraty. Será pragmatismo. Nada mais do que isso.

Brasília, 15h46min

Vicente Nunes