Saques em contas inativas do FGTS passam de R$ 36 bilhões

Publicado em Economia

Extremamente ansioso pela recuperação da economia para ter um forte contraponto à grave crise política que pode depôr o presidente Michel Temer, o governo comemora o volume de saques das contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) até agora. As retiradas já passam de R$ 36 bilhões e superam as estimativas iniciais para todo o programa, entre R$ 30 bilhões e R$ 35 bilhões.

 

Na avaliação da equipe econômica, esse dinheiro, que está sendo usado, em parte, para o pagamento de dívidas e, em parte, para o consumo de bens e serviços, será um dos diferenciais que garantirão um Produto Interno Bruto (PIB) positivo entre abril e junho. O mercado fala em queda de 0,5%, pelo menos.

 

No total, foram disponibilizados para saques no FGTS R$ 43 bilhões. Ou seja, 82% do total já foram liberados. O governo acredita que, até 31 de julho, quando vence o prazo para que todos os trabalhadores raspem as contas inativas, quase 100% devem ser retirados.

 

Crise política

 

Se essa previsão se confirmar, os recursos das contas inativas do FGTS impactarão o PIB em 0,68 ponto percentual neste ano. Por isso, a equipe econômica mantém a previsão de que o crescimento deste ano será de 0,5%, apesar de todo o pessimismo trazido pela crise política. Há especialistas que não descartam a possibilidade de o PIB cair pelo terceiro ano seguido.

 

O governo tem usado o discurso de que, mesmo as pessoas que usaram o dinheiro das contas inativas para pagar dívidas ajudarão a dar fôlego à economia. À medida que as famílias tiram os nomes das listas de maus pagadores, ficam aptas a consumirem novamente, fazendo a roda girar.

 

Ninguém espera, porém, uma explosão do consumo nos próximos meses. Muito pelo contrário. A demanda crescerá lentamente, sobretudo por causa do elevadíssimo nível de desemprego (14 milhões de pessoas estão sem trabalho) e do baixo nível de confiança dos investidores.

 

Brasília, 21h10min