Salário mínimo já subiu 31,5% em dólar neste ano

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A inflação em queda e a forte desvalorização do real ante o dólar deu um fôlego impressionante ao salário mínimo. Desde o início do ano, o piso salarial, de R$ 937, teve valorização, em dólar, de 31,5%. Saiu de US$ 225,16, no fim do ano passado passado, para US$ 296,14 nesta quarta-feira, 30.

O salário mínimo é um dos principais mecanismos de distribuição de renda do país, muito mais eficiente do que qualquer programa social, como o Bolsa Família. Somente no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), quase 30 milhões de aposentados e pensionistas recebem o mínimo. Muitos são arrimos de família.

Se o salário mínimo está mais forte, as pessoas se sentem mais confortáveis para ir às compras. Por isso, o consumo das famílias passou a liderar, para surpresa de muitos especialistas, a retomada da economia. Há muitos produtos que têm insumos importados. Por isso, quando o dólar cai, ficam mais baratos.

Desde o pior momento da recente crise econômica, o salário mínimo já subiu 55,7%. Em 23 de setembro de 2015, quando o dólar atingiu R$ 4,145 (hoje, R$ 4,619, atualizado pela inflação), o piso pago aos trabalhadores chegou a US$ 190,11.

Reajuste

Por lei, a correção do salário mínimo acompanha a inflação do ano anterior e a variação do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes. No ano que vem, a previsão é de que o piso salarial seja de R$ 969, com aumento de 3,42%, ou seja, apenas a variação prevista para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), já que o PIB de 2016 foi negativo, caiu 3,6%.

O governo chegou a cogitar a possibilidade de levar o mínimo, a partir de janeiro de 2018, para R$ 979, mas cortou R$ 10 da estimativa porque reviu, para baixo, a projeção de inflação. Segundo especialistas, mesmo com reajuste menor, o mínimo ainda terá importante efeito no consumo das famílias, caso o custo de vida se mantenha abaixo do centro da meta, de 4,5%, e o dólar continue próximo de R$ 3,20.

Vicente Nunes