Até há duas semanas, era quase consenso dentro do Palácio do Planalto que Maia havia perdido espaço no comando dos deputados, uma vez que ele está a seis meses de deixar o cargo que lhe empodera. Um auxiliar do ministro da Economia, Paulo Guedes, chegou a dizer que “Rodrigo Maia é quase passado“, referindo-se ao andamento da reforma tributária e da proposta de volta da CPMF.
Nos últimos dias, no entanto, ficou claro que o governo se precipitou ao prever o fim do poderio do presidente da Câmara. Mais: a partir de agora, haverá um grande embate entre Maia e Bolsonaro sobre o futuro do comando da Câmara. Qualquer movimento errado do Planalto pode custar caro ao governo, como custou a Dilma Rousseff, quando ela decidiu apoiar um candidato contra o então todo-poderoso Eduardo Cunha.
Por enquanto, a ordem dentro do Planalo é manter a calma e mapear todos os movimentos de Rodrigo Maia. Segundo assessores de Bolsonaro, não há espaço para confronto neste momento. De qualquer forma, também não haverá um abandono do deputado Arthur Lira, do PP, que vem atuando como interlocutor do Planalto com o Centrão. Para Bolsonaro, é melhor ter um enfraquecido Lira como aliado do que mais um independente.
O resumo que se faz entre aliados de Bolsonaro no Planalto é de que o governo cantou vitória antes da hora em relação a Maia, que continuará dando as cartas na condução da pauta da Câmara nos próximos meses. Nesse contexto, o importante, para o entorno do presidente, é manter uma relação construtiva com o deputado e evitar qualquer bola fora nas negociações sobre os rumos da presidência da Câmara.
Brasília, 16h01min