CBNFOT130720202027RCN 26/09/2019. Credito Raphael Ribeiro/BCB - Presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, fala com imprensa durante a apresentação do relatório de inflação no edifício sede do Banco Central do Brasil em Brasília.

Riscos fiscais influenciam na alta do dólar, destaca Campos Neto

Publicado em Economia

ROSANA HESSEL

 

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reconheceu que o risco fiscal continua sendo um elemento que tem influenciado na valorização do dólar frente ao real, e, segundo ele, a percepção de deterioração do arcabouço fiscal piorou com a PEC dos Precatórios.

 

“Todos os tipos de risco, e o risco fiscal é um deles, influenciam a precificação do câmbio como ativo, que também espelha o risco Brasil”, afirmou o ministro, nesta quinta-feira (16/12), em entrevista virtual sobre o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), que reduziu as previsões para o PIB.

 

O ministro destacou que grande parte do debate de piora do quadro fiscal em 2022 foi decidido com o movimento recente da PEC dos Precatórios.  Ele evitou comentar sobre um limite para o câmbio e reforçou que o BC deverá fazer intervenções quando houver “movimentos pontuais”, como um envio recente de dividendos de uma grande estatal.  

 

“Vamos olhar os próximos passos e sempre entendendo que o câmbio é flutuante”, disse, acrescentando que o cenário básico para o câmbio não não conta novas medidas que pioram o quadro das contas públicas.

 

Ao comparar o desempenho do real com outras moedas emergentes, Campos Neto disse que a divisa brasileira teve uma depreciação maior em 2020, e, neste neste ano, “está perto dos pares ou até um pouco melhor” do que as moedas de países vizinhos ao registrar queda de 9% neste ano.  

 

 

Fed

 

Em resposta aos questionamentos sobre o impacto da decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), que antecipou a mudança da política monetária, devendo fazer três aumentos de juros em 2022 a partir de março, Campos Neto afirmou que a medida não afeta muito o Brasil. Contudo, admitiu que será necessário observar se esse movimento será coordenado com outros países. 

 

O ministro minimizou a reação dos mercados em relação ao movimento de alta dos juros, apesar de o dólar, ontem, ter registrado o maior patamar desde abril, de R$ 5,70, e, nesta quinta, continua subindo e chega perto de R$ 5,72. “Houve um movimento de antecipação dessas altas. Tem implicação, mas a reação do mercado foi relativamente benigna”, disse.

 

Campos Neto ressaltou que o Fed vinha avaliando que o processo inflacionário era temporário e, assim como o Banco Central brasileiro, passou a perceber que essa carestia é mais persistente. “Existe a percepção geral dos banqueiros centrais sobre o quão transitória é a inflação ou se é de demanda ou de oferta. E grande parte do que estava sendo discutido partia do pressuposto de que a inflação estava mais relacionada à oferta do que à demanda. O BC saiu na frente e fez um ajuste porque percebeu que a inflação era mais persistente”, afirmou.