E uma das respostas virá do Banco Central, por meio do aumento da taxa básica de juros (Selic), que está em 2% ao ano, o nível mais baixo da história. São grandes as chances de a Selic subir já na reunião de março do Comitê de Política Monetária (Copom).
Será, no entanto, um processo lento e gradual, pois os diretores do BC reconhecem que a atividade econômica perdeu força neste início de ano e a segunda onda da covid-19 está se mostrando pior do que o imaginado. O problema é que as incertezas criadas pelo governo e as projeções de inflação acima da meta merecem uma resposta para manter as expectativas sob controle.
Volatilidade do dólar
Há, ainda, a necessidade de se conter a forte volatilidade do câmbio, que está pressionando os preços de vários produtos, inclusive, dos combustíveis, que entraram com tudo no modelito escancaradamente populista assumido por Bolsonaro. O presidente quer baixar os valores nas bombas a qualquer custo.
Entre os técnicos do governo, a aposta majoritária é de que os juros subirão 0,25 ponto percentual em março, mais como efeito psicológico do que efetivo sobre o nível de atividade. O entendimento é o de que o BC mostrará ao mercado que está disposto a começar a discutir as distorções da política monetária. O Brasil está com juros negativos de quase 2%. Isso afasta dólares do país.
Os diretores do Banco Central esperam que, na reunião de março do Copom, Bolsonaro já tenha sancionado o projeto aprovado pelo Congresso que deu autonomia legal à instituição, com definição de mandatos fixos para seus diretores. Isso afastará cada vez mais o BC da política.
Brasília, 18h01min