Relações suspeitas na troca de placas que custará caro aos motoristas

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ANTONIO TEMÓTEO

Em meio à polêmica sobre a mudança das placas de veículos pelo padrão Mercosul, gestores públicos e empresários do setor têm mantido encontros reservados, fora dos registros oficiais. Foto publicada nas redes sociais do diretor do Departamento Nacional de Trânsito do Ministério das Cidades (Denatran), Maurício José Alves Pereira, em 1º de março, mostra que ele estava acompanhado do presidente da Utsch Brasil, Roberto Appel, em uma visita à Casa da Moeda.

O compromisso constava na agenda oficial de Pereira como uma visita ao diretor de Inovação e Mercado da empresa pública, César Augusto Barbiero. O nome de Appel não estava na agenda oficial de nenhum dos dois gestores públicos. Procurada, a Casa da Moeda informou que a visita oficial do diretor do Denatran foi acompanhada por diretores da empresa pública. “O sr. Appel não foi convidado para participar de tal visita. Estava na CMB para reunião de discussão sobre possibilidade de parceria tecnológica com a equipe da Diretoria de Inovação e Tecnologia da CMB”, afirma a estatal em nota.

O órgão do Ministério das Cidades explica que a visita foi técnica e institucional “para alinhar a parceria da Casa da Moeda com o Denatran para a emissão das carteiras de habilitação em formato de cartão”. A Utsch Brasil diz, em nota, que visitou a empresa pública para tratar de assuntos relativos à placa de identificação veicular, convidada pela própria estatal. A fabricante de placas ainda relata que os dirigentes das companhias “debateram como podem contribuir para a redução da situação caótica da clonagem de veículos em todo o país”.

Valores

Assim como o Correio antecipou, o Denatran publicou resolução que altera o modelo das placas de veículos para o padrão Mercosul. Toda a frota deve trocar os equipamentos de identificação pelo novo modelo até 31 de dezembro de 2023. A proposta inicial previa a mudança até 31 de dezembro de 2022. Conforme o órgão público, o preço médio de cada placa será de R$ 40 e o par custará R$ 80. Caso o valor seja cobrado pelos fabricantes, os brasileiros gastarão, pelo menos, R$ 7,5 bilhões em placas novas para uma frota de 94,5 milhões de veículos. Entretanto, quem acompanha o tema de perto diz que a conta pode chegar a até R$ 18 bilhões.

Segundo o Denatran, não será mais necessário a troca de placa em caso de transferência do veículo para outro estado. O órgão informou que o equipamento de identificação terá uma identidade federativa, sem necessidade de mudança. O Conselho Nacional de Trânsito (Contran) aprovou em 6 de março a resolução que determina que todos os veículos registrados no Brasil troquem as placas pelo padrão Mercosul até 31 de dezembro de 2023. A reunião foi marcada por uma polêmica. O conselheiro Francisco de Assis Peres Soares, representante do Ministério do Meio Ambiente, pediu vistas do processo e teve a solicitação negada pelo presidente do colegiado, Maurício José Alves Pereira, que também chefia o Denatran. Com a negativa, Soares se absteve de votar.

Brasília, 14h57min

Vicente Nunes