ROSANA HESSEL
Após anunciar a mudança na política de preços, acabando com a paridade internacional (PPI), a Petrobras reduziu os preços da gasolina em 12,6%, os do óleo diesel, em 12,8%, e os do gás de cozinha, em 21,3%, nesta terça-feira (16/5). Essa medida, que passa a valer a partir desta quarta-feira (16/5), deverá ter um impacto negativo na inflação deste ano em torno de 0,2 ponto percentual, de acordo com analistas.
A Petrobras anunciou redução de R$ 0,40, no preço médio do litro da gasolina nas refinarias. Também cortou em R$ 0,44 o preço do litro do diesel e em R$ 8,50 o do gás de botijão, a partir de amanhã. Não à toa, algumas instituições começaram a revisar para baixo a previsão para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2023 por conta desse reajuste.
O Itaú Unibanco, por exemplo, reduziu de 6% para 5,8% a estimativa para o indicador da inflação oficial deste ano, mas manteve em 4,5% a projeção para o IPCA de 2024. Contudo, ambas estimativas estão acima do teto da meta deste ano e do próximo, de 4,75% e 4%, respectivamente. Além disso, o banco fez um alerta para os riscos de mudança na meta de inflação, que vem sendo defendida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Cabe ressaltar que nosso cenário incorpora 100 p.b. de desancoragem das expectativas longas de inflação. Não incorporamos eventual impacto de uma revisão da meta, o que tenderia a levar a projeção do ano para acima de 5%. Por outro lado, a manutenção da meta em 3%, um câmbio mais apreciado e uma menor inércia da inflação vinda de 2023 são riscos de baixa para nossa projeção. Ajustar a meta às projeções, e não vice-versa, seria uma manobra de risco, cujo resultado mais provável seria intensificar a desancoragem das expectativas”, alertaram as economistas Luciana Rabelo e Julia Passabom, do Itaú Unibanco, em relatório do banco para clientes.
Como já tinha reduzido de 6,10% para 6% a previsão para o IPCA deste ano na segunda-feira, o economista Luis Otávio de Souza Leal, da G5 Partners, manteve as projeções depois do anúncio da Petrobras. Considerando a participação do preço inicial nos preços finais de cada um desses derivados de petróleo, o impacto sobre a inflação medida pelo IPCA seria de 0,27 ponto porcentual, na gasolina, 0,02 ponto, no diesel, e de 0,11 ponto no gás de cozinha. “Para o ano, não alteramos a nossa projeção de alta de 6,0% já que esta redução já era esperada e a defasagem daria margem para uma redução da gasolina de algo entre 10% e 15%. Portanto, apesar de vir junto da mudança da política de preços, não pode ser considerada uma medida casuística”, frisou.