Redes sociais pressionam por abertura dos dados do “orçamento secreto”, diz pesquisa

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ROSANA HESSEL

As redes têm pressionado muito para que os dados referentes aos recursos destinados pelo “orçamento secreto” sejam amplamente revelados, destacou nova edição da Pesquisa Modalmais/AP Exata, divulgada nesta sexta-feira (26/11). Apesar de integrantes do Congresso Nacional insistirem em não respeitar as determinações do Supremo Tribunal Federal (STF), dando maior transparência sobre a destinação dos recursos das polêmicas emendas do relator do Orçamento, as famosas RP9, os internautas querem o contrário e desconfiam dos parlamentares que querem esconder as informações.

“Os internautas pedem transparência e suspeitam que a insistência da Câmara e do Senado em não revelar para quem e para onde foram os recursos é um indicativo de que há algo errado. Muitos falam que o dinheiro serviu para o governo comprar apoios e para alimentar um sistema de corrupção”, destacou o levantamento. “Houve uma clara indignação com a resistência do Congresso em acatar a determinação do STF, que exigiu transparência. A pressão popular tem sido grande e o assunto deve crescer durante a próxima semana, continuando a pautar a agenda política”, acrescentou o documento.

O “orçamento secreto” foi revelado pelo jornal O Estado de São Paulo, mostrando uma prática criada no atual governo semelhante ao Mensalão dentro do Orçamento, no qual o relator tem um poder de distribuir quase R$ 20 bilhões sem precisar explicar ou detalhar quem são parlamentares beneficiados. E monitoramento feito pelo Tribunal de Contas da União (TCU) revelou uma série de compras superfaturadas de equipamentos, inclusive tratores, utilizando esses recursos, daí o apelido de “tratoraço”.

Moro cresce sobre Bolsonaro

A pesquisa também mostra que o ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sergio Moro (Podemos), vem ganhando o espaço do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nas redes sociais. Durante a semana, o ex-juiz registrou uma média de 15,1% de menções entre os presidenciáveis, no Twitter, ficando em terceiro lugar e Bolsonaro ficou com 44,3% das citações.

“Bolsonaro foi o único candidato que teve uma queda vertiginosa no volume de menções. Antes do crescimento do ex-juiz, o presidente frequentemente atingia um volume de cerca de 60% das menções”, destacou o documento.

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Ciro Gomes (PDT), mantiveram-se nos patamares que vinham registrando antes do anúncio da filiação de Moro, de 33,7% e 4,8%, respectivamente, das menções.

Reprovação elevada do governo

O levantamento mostrou ainda que a reprovação do governo segue em alta, com 53,1% das pessoas considerando a gestão ruim ou péssima, seguindo praticamente estável em relação aos 53% registrados na semana anterior, levando em conta a média móvel dos últimos cinco dias. A avaliação de bom ou ótimo também ficou estável, em 24%.

Entre os assuntos mais comentados da semana nas redes sociais destacou-se a nova onda de covid-19 na Europa e a descoberta da nova variante do coronavírus registrada na África do Sul, Botsuana, Israel e Hong Kong, com cerca de 50 mutações, que pode ser resistente às vacinas. O assunto é o mais comentado nas redes mundiais nesta sexta-feira.

O ex-presidente Lula esteve em destaque negativo nas redes sociais ao comparar regimes autoritários a democracias, o que lhe valeu muitas
críticas, de acordo com a pesquisa. “Após uma semana bem sucedida de encontros na Europa, esta semana foi de menor visibilidade para o petista. As
menções negativas a Lula fecham a semana no patamar de 64%, no Twitter”, destacou o documento.

A AP Exata trabalha com uma tecnologia de análise de sentimentos, baseada em redes neurais artificiais, e no conceito de emoções da psicologia evolutiva.
As análises contemplam informações geolocalizadas, em 145 cidades de todos os estados brasileiros, utilizando dados abertos de perfis públicos.

Vicente Nunes