De acordo com o economista Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, esse movimento inesperado de alta da moeda brasileira é resultado de um redirecionamento dos fundos de investimentos estrangeiros, após a invasão da Ucrânia pela Rússia.
“Depois que começou a guerra na Ucrânia, aumentou a percepção dos gestores de que as commodities devem ficar com os preços mais altos por mais tempo. Então, eles foram atrás de países que são exportadores, como Brasil, África do Sul e Colômbia. Já de emergentes que importam muitas commodities, como Turquia e Índia, eles se afastaram, explicou.
Cruz lembrou ainda que o real brasileiro ainda não é a moeda emergente mais valorizada do ano, porque perde para o kwanza, de Angola, que teve valorização de 17,17% neste ano. Contudo, essa divisa vale apenas R$ 0,01.
Perdas na pandemia
Contudo, desde a pandemia, o real ainda está entre as cinco divisas que mais se desvalorizou, com 15,08% de perda acumulada desde fevereiro de 2020, conforme levantamento feito pela RB Investimentos. A lista é liderada pela lira turca, com 59,85% de queda no mesmo período. Na sequência, o peso argentino, com recuo de 45,81%, e rublo russo, com desvalorização de 40,13%, de acordo com os dados levantados por Cruz.
“O que tem pesado ainda no câmbio é a entrada de capital estrangeiro no país. Esse fluxo está bem forte e já passou de R$ 80 bilhões na B3,”, destacou Cruz.
De acordo com dados do Banco Central, desde janeiro até o último dia 18, o fluxo de entrada líquida de capital estrangeiro no país ficou positivo em US$ 6,952 bilhões. Esse montante é 151% superior aos US$ 2,767 bilhões contabilizados no mesmo período do ano passado.
Conforme dados da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), no acumulado do ano até o último dia 23, o fluxo de entrada de capital estrangeiro no mercado de ações brasileiro somou R$ 87,9 bilhões, incluindo lançamentos (IPOs, na sigla em inglês) e mercado secundário. Em 2021, o saldo de entrada de investidores não residentes na B3 somou R$ 102,3 bilhões.