Reajustes do diesel neste ano podem elevar as tarifas de ônibus em 15,4%, diz NTU

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ROSANA HESSEL

E pensar que, por R$ 0,20 no bilhete de ônibus, a população foi às ruas insatisfeita com o então governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em 2013, e, hoje, fica passiva quando o diesel é reajustado na surdina em mais R$ 0,40, o que poderá deixar o bilhete muito mais caro do que naquela época.

A Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), com base nas médias tarifárias praticadas no país, estima que as tarifas de ônibus no país podem ser reajustadas em 15,4% neste ano se for considerado todos os aumentos do diesel desde janeiro.

Pelas estimativas da entidade divulgadas nesta terça-feira (10/5), apenas em 2022, o diesel já subiu 47% e o impacto nas tarifas é de 15,4%. E, no acumulado em 12 meses, o combustível sofreu reajustes em um total de 80,9%, um impacto de 26,5% entre junho de 2021 e maio deste ano.

Ontem, a Petrobras anunciou mais um reajuste no diesel vendido nas refinarias às distribuidoras, de R$ 0,40 no litro do combustível, o equivalente a uma alta de 8,87%, para R$ 4,91, valor que passou a valer a partir de hoje.

De acordo com a NTU, esse novo reajuste impacta em 2,9% nas tarifas públicas dos ônibus urbanos de todo o país e  empresas devem recorrer aos prefeitos e governadores para evitar paralisações.  “O combustível é o segundo maior custo do setor de transporte coletivo urbano por ônibus, segundo a NTU, respondendo por 32,8% no custo total do setor, ficando atrás somente do custo de mão de obra, que é de 50% em média”, destacou a nota da entidade, que informou que algumas cidades já fizeram reajustes tarifários anuais e outras adotam subsídios emergenciais ou permanentes, a situação varia, mas “a grande maioria dos operadores não têm fôlego financeiro para enfrentar mais esse reajuste e terão que suspender o serviço fora dos horários de pico”.

A NTU possui mais de 400 operadoras associadas em todo o país que atendem 43 milhões de brasileiros diariamente e, de acordo com a entidade, é bem provável a redução da oferta, de acordo com cada região.  A associação propõe, pro exemplo, uma ajuda do setor público para arcar com a diferenças de custos das operadoras e também propõe a desoneração de tributos que incidem sobre os insumos utilizados pelo transporte público, que, somados, representam uma carga tributária de 35,6%, “extremamente elevada por incidir sobre um serviço essencial utilizado principalmente pela população de menor renda”. Outra proposta, é usar o lucro recorde da Petrobras, de R$ 106,6 bilhões para compensar o impacto da alta do diesel.

Vicente Nunes