“A queda de popularidade de Bolsonaro não vem de tendências ideológicas. A credibilidade do presidente foi caindo e a confiança diminuiu bastante desde o aumento da inflação”, destacou o CEO AP Exata, Sergio Denicoli, durante a apresentação virtual dos principais dados da pesquisa Modalmais-Exata, nesta sexta-feira (10/9). Ele reforçou esse resultado está relacionado com a piora da economia, de forma geral, e se isso persistir em 2022, as chances de reeleição diminuem. Mas, se houver melhora na conjuntura econômica, o cenário ficará favorável para o chefe do Executivo.
De acordo com Denicoli, a confiança no presidente vem atrás dos sentimentos de tristeza e raiva, e, quando se perde a credibilidade de uma fatia da população que perde poder econômico, é mais difícil recuperar essa confiança perdida. “O presidente vai ter que trabalhar a economia para poder recuperar essa confiança”, afirmou.
“Esta semana intensamente política, pautas de reformas e recuperação econômica ficaram em suspenso. A inflação de agosto veio acima do esperado, puxada pela alta da gasolina. Internautas continuam reclamando dos preços de alimentos, gás, combustíveis e energia”, destacou o documento. “O consenso nas redes é de que a inflação real já ultrapassou os dois dígitos há muito tempo. Desemprego e fome são outras preocupações dos internautas e constantemente usadas pela oposição para atacar o governo e o ministro da Economia, Paulo Guedes”, acrescentou.
Na avaliação do executivo, atualmente, inflação e emprego são as principais preocupações dos internautas nas redes quando o assunto está relacionado às eleições. Contudo, devido ao recente atraso no fornecimento de vacinas contra a covid-19, o tema saúde deverá voltar entre as prioridades.
Conforme os dados da pesquisa, a popularidade de Bolsonaro chegou a cair 3% com o recuo dos ataques feitos nas manifestações de 7 de Setembro com a divulgação da carta pacificadora, “mas se recuperou em menos de 12 horas”.
O levantamento mostra ainda que as menções positivas a Bolsonaro nas redes sociais variam entre 30% e 40%, patamar que não foi ultrapassado mesmo durante as manifestações pró-governo em 7 de Setembro. Antes da saída do governo do ex-juiz Sergio Moro, em abril de 2020, essa taxa girava em torno de 50%. Naquela época, o executivo lembrou que a popularidade chegou a cair 10% e levou dois dias para voltar ao patamar anterior.
Denicoli avaliou que, ao contrário do que afirmou a oposição, as manifestações de 7 de Setembro não floparam. Para ele, os eventos mostraram que Bolsonaro tem grande capacidade de mobilização e o grande diferencial das manifestações foi concentrar pessoas de outros estados em Brasília e na Avenida Paulista, em São Paulo, que eram os locais com a participação do chefe do Executivo. “O presidente conseguiu mobilizar muito bem os convertidos mas não conseguiu sair da bolha”, afirmou.
“Acredito que a movimentação serviu para mostrar ao país que Bolsonaro é capaz de mobilizar forças que podem criar um certo caos ao país”, disse. Para ele, Bolsonaro deverá reduzir as ameaças ao Supremo Tribunal Federal (STF), mas deverá manter o discurso de fraude eleitoral, porque ele insiste em afirmar que não confia nas urnas eletrônicas.