Por precaução, Loures está preso, sozinho, em uma cela de nove metros quadrados na sede da Polícia Federal, em Brasília. Na segunda-feira, o ex-deputado e ex-assessor especial de Temer será transferido para o presídio da Papuda. Ele ficará em uma ala na qual ficam presos em situação de vulnerabilidades. Não é por acaso. “Teme-se que Loures possa ser morto. Há um governo que depende dele para continuar”, explicar um policial federal.
Loures, a princípio, não está disposto a fazer delação premiada. A mulher dele é favorável à delação. O pai dele, um empresário, é contra. A delação, no entanto, vai depender do estado emocional do ex-deputado. Caso se sinta sozinho, abandonado por todos, sobretudo por Temer, pode, sim, abrir a boca. E Loures sabe muito, muito mesmo.
A Polícia Federal tem a exata noção do quanto Loures é precioso. Por isso, montou todo um esquema de segurança para proteger a vida dele. Ele é suspeito de intermediar muitos negócios escusos no governo. Fala-se, na Esplanada dos Ministérios, que o ex-assessor de Temer vendia informações privilegiadas ao mercado financeiro. Inclusive, vários pontos da reforma da Previdência Social teriam sido fechados com representantes de instituições financeiras.
Uma fonte do Palácio do Planalto diz que vários encontros de Loures com integrantes do mercado financeiro não constam na agenda oficial dele. Isso, inclusive, está sendo investigado pela Polícia Federal. Os depoimentos do ex-deputado serão muito importantes para se chegar aos integrantes do mercado que tinham trânsito livre no Planalto.
Brasília, 20h30min