ROSANA HESSEL
A nova operação da Polícia Federal, a Tempus Veritati, deflagrada nesta quinta-feira (8/2) pela PF, está dando o que falar nas redes sociais e só perde para o evento de 8 de janeiro de 2023 em repercussão na internet atingindo, pelo menos, 56 milhões de pessoas, conforme levantamento feito pela Quaest.
O nome da Operação Tempus Veritati vem do latim e significa “hora da verdade” e busca apurar a organização criminosa que atuou na tentativa de atos golpistas de 8 de janeiro. Entre os alvos da operação, estão o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e vários militares e auxiliares do governo anterior, como ex-ministro da Casa Civil general Walter Braga Netto, o ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) general Augusto Heleno, os ex-ministros Paulo Sérgio Nogueira (Defesa) e Anderson Torres (Justiça e Segurança Pública).
O presidente do partido de Bolsonaro (PL), Waldemar da Costa Neto, também foi alvo da operação e acabou preso por porte ilegal de arma. E, durante a vistoria na sede do Partido Liberal, no Setor Hoteleiro Sul de Brasília, a PF encontrou uma minuta do golpe.
“A operação teve enorme repercussão digital e mobilizou os dois lados. A maior parte dos comentários são críticos ao ex-presidente, mas observamos o começo da construção de um discurso vitimista e de perseguição por parte dos apoiadores de Bolsonaro. A polarização digital permanece”, destacou o diretor da Quaest, Felipe Nunes, em entrevista ao Blog.
De acordo com a pesquisa, foram coletadas mais de 600 mil menções sobre a Operação Tempus Veritati, com um alcance estimado de 56 milhões de internautas, tornando-se o segundo evento político mais comentado nos últimos 12 meses. O primeiro ficou com a tentativa de golpe de 8 de janeiro, com alcance diário de 80 milhões de pessoas entre as 14h e 18h30 do mesmo dia.
“O assunto tem gerado ampla repercussão na esfera digital, com volume de menções maior que eventos anteriores associados à família Bolsonaro como o caso das as jóias e a delação de Mauro Cid, inclusive a operação recente sobre o caso da Abin”, destacou o documento ao qual o Blog teve acesso.
De acordo com o levantamento, 58% das menções foram críticas à Bolsonaro e em defesa da Operação Tempus Veritati. Na esquerda, piadas e deboches de cunho revanchista sobre a investigação a Bolsonaro e aliados militares são elementos que se destacam, informou a pesquisa.
“Diante da inelegibilidade de Bolsonaro e das investigações contra ele, sua família e aliados, o atual discurso adotado pela direita se assemelha ao que a esquerda adotou em 2018, quando a prisão de Luiz Inácio Lula da Silva interceptou sua participação na disputa eleitoral. Os elementos de queixa sobre perseguição política e ameaça da democracia no Brasil são comuns, o que indica que ambos os lados reafirmam uma crise de confiança nas instituições do país”, completou a pesquisa da Quaest.