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Banco Central Foto: Breno Fortes/CB/D.A Press Banco Central

Projeções do mercado apontam alta de até 3% no PIB deste ano

Publicado em Economia

ROSANA HESSEL

 

Em encontro com economistas realizado nesta terça-feira (23/8), a diretora de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos do Banco Central, Fernanda Guardado, ouviu um cenário bem otimista para 2022, mas, com muitas incertezas em 2023, principalmente do lado fiscal — apontado como o principal desafio do próximo governo no ano que vem, independente de quem vencer nas urnas nas eleições deste ano.

 

Guardado, que está substituindo o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, na função enquanto ele está fora do país, ouviu projeções mais positivas sobre o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), deste ano, com previsões variando entre 2% e 3%. “Os economistas estavam muito mais otimistas do que nas reuniões passadas, em termos de crescimento da economia”, destacou um analista que participou da reunião.

 

Segundo o especialista, um dos principais motivos para essa melhora apontada pelos analistas não está relacionado com medidas do atual governo, mas aos impactos da reforma trabalhista, realizada pelo governo Michel Temer (MDB), em 2017.  “Atualmente, o mercado de trabalho está mais flexível e é mais fácil contratar os empregados e, além disso, as ações trabalhistas diminuíram, e isso está ajudando o setor de serviços a crescer no processo de retomada da demanda”, destacou ele, em referência ao crescimento acima do esperado do segmento no segundo trimestre e que ajudou a neutralizar a queda da indústria e do varejo no mesmo período.

 

Para 2023, o cenário é menos otimista, porque as projeções tinham um intervalo entre 0,5% e 1,5%. “Essa desaceleração é resultado da política monetária restritiva do Banco Central, que está tendo dificuldade para conseguir baixar a inflação para o centro da meta”, destacaram dois analistas ouvidos pelo Blog.

 

A mediana das estimativas do mercado que constam no boletim Focus desta semana mostram previsão de alta de 2,02% no PIB deste ano. Já a mediana para a previsão de avanço do PIB de 2023 passou de 0,41%, no relatório da semana passada, para 0,39%, nesta semana.

 

As projeções para a inflação deste ano feitas pelos analistas ouvidos por Guardado variavam entre 6% e 7%, bem abaixo das estimativas anteriores, em torno de 9,5%, mas acima do teto da meta, de 5%.  E para 2023, as previsões também preveem novo estouro do teto da meta, de 4,75%, pois estão em torno de 5,5%.  Se esses cenários forem confirmados, o BC não conseguirá cumprir a meta de inflação por três anos consecutivos, um feito inédito para a história da autoridade monetária.  Em 2021, o teto da meta, de 5,25% não foi cumprido, pois o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) — que mede a inflação oficial utilizada para o cumprimento das metas determinadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) — fechou o ano em 10,06%.

 

De acordo com um dos participantes do encontro, os economistas também mostraram otimismo com a retomada dos investimentos privados no país e esperam que os cerca de R$ 900 bilhões previstos pelo governo para os próximos 10 anos, ajudem no processo de retomada da economia.

 

“Mas o mais interessante é que ninguém ficou falando de eleição”, disse o economista. “O que se sabe é que a âncora fiscal vai mudar e, no processo eleitoral, ninguém falou sobre qual será a diferença entre o governo atual e um eventual governo “, destacou o analista. Segundo ele, um dos principais pontos de preocupação é com a questão fiscal, porque ninguém as diferenças entre o governo atual e um eventual governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na questão fiscal.