Isso não quer dizer que a privatização do Banco do Brasil está totalmente descartada. Não está. “Mas ficará para o fim da fila”, diz um integrante do governo. “Lá na frente, certamente o povo vai entender que não há porque manter um patrimônio tão grande sob gestão do Estado sujeito à corrupção”, acrescenta.
Sem o Banco do Brasil no radar, por enquanto, a ordem dada ao secretário de Desestatização do Ministério da Economia, Salim Mattar, é focar no projeto que será encaminhado ao Congresso que trata do fast track (via rápida) para a venda de estatais. Ou seja, o governo quer que o Legislativo elimine uma série de entraves para a privatização.
A lista inicial de venda inclui Correios, Eletrobras e Casa da Moeda. “Mas o processo de venda será bem amplo”, destaca o mesmo técnico. Ele afirma que Paulo Guedes está convencido de que uma das marcas do governo Bolsonaro deve ser a do enxugamento do Estado. “Vamos até onde for possível, podem acreditar”, ressalta.
Lobby poderoso
O Ministério da Economia tem total conhecimento de que há um lobby poderoso dentro do Palácio do Planalto, no entorno do presidente da República, para restringir ao máximo o programa de venda de estatais. “Mas vamos vencer isso com bons argumentos, um deles, a necessidade de melhorar os resultados das contas públicas”, acrescenta um outro técnico.
Na avaliação de integrantes da equipe de Guedes, à medida que a economia for apresentando resultados mais robustos — a recuperação, segundo eles, só está no início — as resistências à venda de estatais vão diminuir por pragmatismo.
“Quem, lá na frente, terá coragem de ir contra uma política que tirou o Brasil do atoleiro econômico e que será decisiva para uma eventual reeleição do presidente Bolsonaro?”, questiona um dos técnicos. “Nesses meses em que estamos no governo já aprendemos que os interesses políticos falam mais alto”, emenda.
Brasília, 16h55min