“Prévia do PIB” surpreende mercado e sobe 1,70% em fevereiro

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ROSANA HESSEL

O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), conhecido como “prévia do Produto Interno Bruto (PIB)”, registrou expansão de 1,70%, em fevereiro de 2021, na comparação com o mês anterior, conforme dados do Banco Central divulgados nesta segunda-feira (19/04) na série com ajuste sazonal. Foi a 10ª alta consecutiva do indicador e o dado ficou acima das expectativas do mercado.

A mediana das previsões do mercado era de uma alta de 0,90%, com as apostas variando entre zero e 1,70%, de acordo com dados de agentes financeiros.  Em janeiro, o indicador avançou 1,04% na comparação com o mês anterior. Logo, o dado de fevereiro sinaliza aceleração no IBC-Br no primeiro bimestre de 2021, que retornou ao patamar anterior ao início da pandemia provocada pelo novo coronavírus.

Contudo, as estimativas do mercado para o PIB deste ano estão em constante revisão para baixo, porque as expectativas para os meses seguintes não são muito animadoras devido ao agravamento da pandemia da covid-19 no país, que obrigou a adoção de medidas de isolamento pelos estados, principalmente, em março. 

No trimestre encerrado em fevereiro, o Banco Central registrou avanços de 3,13%, na série dessazonalizada, e de 0,68% sem ajuste sazonal. Conforme os dados observados sem os ajustes, o IBC-Br registrou alta de 0,23%, no ano. Já no acumulado em 12 meses, registrou queda de 4,02%.

As projeções do mercado, inclusive, apontam queda do PIB nos dois trimestre da primeira metade de 2021, sinalizando uma recessão técnica devido à piora da pandemia no país, que já registra mais de 370 mil mortes. O atraso na vacinação do país devido à falta do imunizante na quantidade necessária para que o país consiga alcançar, o quanto antes, a imunidade de rebanho, são alguns dos fatores para a piora das previsões. Pelas estimativas de especialistas, pelo menos, é preciso que 70% da população seja vacinada para o país atingir a imunidade de rebanho.

De acordo com o economista Claudio Considera, pesquisador associado do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), os dados do IBC-Br surpreenderam positivamente, mas não há motivo para comemoração. O instituto previa alta de 1,4%, acima da mediana do mercado. “Não é motivo para euforia. É natural que o indicador venha um pouco melhor porque a base comparativa de 2020 era muito baixa”, disse o analista, lembrando que, em janeiro e em fevereiro de 2020, o IBC-Br apresentou, respectivamente, variações de 0,3 % e de zero, na comparação com os mesmos meses de 2019. Ele lembrou que, há um dado preocupante que foi a pressão dos serviços, que apresentaram melhora em fevereiro, mostrando que não houve muito respeito às medidas de contenção social.

“Isso mostra que houve exagero no desrespeito às medidas contra a pandemia”, lamentou Considera. Segundo ele, em março os dados podem não vir tão positivos mas, em abril, é provável que a queda na atividade seja bem grande, porque ainda não há um avanço expressivo no programa de vacinação nacional. “Apenas a vacinação em massa é que vai garantir uma retomada da economia mais segura”, frisou.

Piora nas projeções do mercado

Pouco antes do IBC-Br, o Banco Central divulgou o boletim semanal Focus com as projeções do mercado, que apresentaram a sétima queda consecutiva nas previsões para o crescimento do PIB brasileiro neste ano. A mediana das estimativas passou de 3,08% para 3,04% entre a semana passada e esta semana.

Há quatro semanas, a mediana das projeções do mercado era de alta de 3,22% no PIB deste ano.  Para 2022, a previsão melhorou, passando de 3,53% para 3,60%, conforme pesquisa feita junto a 98 economistas.

Já as estimativas de 104 economistas para a inflação oficial, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) também pioraram, passando de 4,85% para 4,92% na mesma base de comparação. É a segunda alta consecutiva na semana e as projeções indicam uma taxa para o IPCA acima da meta inflação deste ano determinada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 3,75%, com teto de 5,25% no acumulado do ano.

A projeção para a taxa básica de juros (Selic) ficou estável em 5,25% ao ano. Enquanto isso, a mediana das previsões para o câmbio voltou a subir pela quarta vez seguida, com taxa para o dólar no fim do ano passando de R$ 5,37 para R$ 5,40.

Vicente Nunes