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Banco Central Foto: Breno Fortes/CB/D.A Press Banco Central

Prévia do PIB cai 0,15% em março e acumula alta de 2,41% no trimestre

Publicado em Economia

ROSANA HESSEL

 

A prévia do Produto Interno Bruto (PIB), o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), desacelerou em março e registrou queda de 0,15% na comparação com o mês anterior, de acordo com dados do BC divulgados nesta sexta-feira (19/5). 

 

Apesar do resultado mensal negativo, no acumulado do trimestre, o indicador registrou alta de 2,41% em relação aos três meses anteriores, na série com ajuste sazonal do BC. Com isso, a prévia do PIB sinaliza um crescimento da atividade econômica do país nos primeiros três meses do ano mais forte do que o inicialmente esperado pelo mercado, que já descartou o risco de uma recessão técnica, quando há dois trimestres negativos seguidos. 

 

No quatro trimestre de 2022, o PIB teve queda de 0,2% e o IBC-Br do período apresentou recuo maior, de 1,6%. A previsão do mercado era de uma queda maior nos primeiros três meses de 2023, de 0,30%.

 

Os dados mais fortes das vendas no varejo e do volume de serviços ajudaram nos resultados positivos do trimestre, porque ficaram acima das expectativas do mercado. Em março, a produção industrial do país avançou 1,1%, na comparação com fevereiro, após dois meses de queda. A indústria nacional ainda está 1,3% abaixo do patamar pré-pandemia, registrado em fevereiro de 2020, e 17,9% abaixo do nível recorde da série, alcançado em maio de 2011.

 

O volume de serviços, que mais pesam no PIB, cresceu 0,9% em março e fechou o trimestre com alta de 5,8%, de acordo com os dados do IBGE. O volume de vendas do comércio varejista cresceu 0,8%, no mês, e avançou 2,4% no acumulado do ano, conforme dados do IBGE.  Na média trimestral móvel o crescimento foi de 1,5%.

 

Como de costume, alguns meses foram revisados na série do IBC-Br. Os meses de janeiro e fevereiro, que fazem parte das mudanças metodológicas na pesquisa do IBGE, apresentaram modificações consideráveis. Enquanto janeiro foi revisado para cima (de 0,09% para 0,59%), e fevereiro foi revisado para baixo (de 3,32% para 2,53%). Com isso, o índice subiu 2,4% no primeiro trimestre de 2023.

 

“Em março, o resultado do IBC-Br foi influenciado por um desempenho positivo de todas os setores da atividade econômica. Analisando o agregado do mês, podemos observar: 1) serviços, que representa o maior peso, seguiu se beneficiando dos transportes e da crescente demanda vindo do agronegócio; 2) indústria se recuperou frente a leituras fracas nos meses antecedentes; e 3) comércio foi a principal surpresa positiva, se beneficiando dos transportes e dos supermercados e alimentos, que apesar da inflação conseguiu apresentar estabilidade”, escreveram os economistas do banco Original Marco Caruso e Igor Cadilhac, em relatório para os clientes.

 

Na avaliação deles, ainda que o primeiro trimestre tenha fechado um pouco melhor que o esperado, isso não altera a tendência de desaceleração para o ano. Com o resultado de hoje do IBC-Br, ele manteve a projeção de crescimento de 1,1% para o PIB no primeiro trimestre. E, para o ano de 2023, a previsão para o PIB de alta passou de 0,8% para 0,9%, mas não por conta do IBC-Br e sim pelo desempenho dos indicadores mensais do IBGE, que estão apresentando resultados melhores do que o esperado.

 

No acumulado do primeiro trimestre o indicador registrou alta de 3,87% na comparação com  o mesmo período de 2022, na série sem ajuste sazonal. 

 

Os números do IBC-Br e do IBGE mostram que a atividade econômica não está tão ruim como se esperava e dá mais força para os argumentos do Banco Central em manter a taxa básica da economia (Selic) em 13,75% ao ano por um período mais prolongado.  Resta saber se os ataques do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contra os juros e ao presidente do BC, Roberto Campos Neto, continuarão em curso, pois isso já contribui para a Selic ficar onde está, pelo menos, até setembro, de acordo com previsões de analistas.