Prévia da inflação de junho acelera e registra alta de 0,83%

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ROSANA HESSEL

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), conhecido como prévia da inflação oficial, acelerou em junho, puxado pela energia elétrica e pela gasolina, registrando alta de 0,83% em junho, acima dos 0,44% de avanço contabilizado em maio, conforme dados divulgados nesta sexta-feira (25/06) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em junho de 2020, a taxa subiu apenas 0,02%.

De acordo com o IBGE, mais de um terço dessa alta de junho é derivada do aumento dos preços da gasolina e da energia elétrica, que contribuíram, cada uma, com 0,17 ponto percentual no IPCA-15, os maiores impactos individuais. No ano, o indicador acumula alta de 4,13% e, em 12 meses, de 8,13%, acima dos 7,27% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores.

Os dados do IPCA-15 de junho ficaram levemente abaixo da mediana das estimativas do mercado, de 0,85%, mas analistas destacam que a inflação continua espalhada em vários segmentos, pois o índice de difusão continua elevado, em 66,48%.

Houve variações positivas nos nove grupos de produtos e serviços pesquisados e o maior impacto (0,28 p.p.) no mês de junho veio dos Transportes (1,35%), o único grupo a apresentar queda em maio (-0,23%). Na sequência, vieram Habitação (1,67%), que acelerou em relação ao mês anterior (0,79%), e Alimentação e bebidas (0,41%), cujo resultado ficou próximo ao do IPCA-15 de maio (0,48%). O grupo Saúde e cuidados pessoais (0,53%) teve variação menor que a do mês anterior (1,23%) e contribuiu com 0,07 p.p no índice geral. Os demais grupos ficaram entre o 0,03% de Educação e o 1,38% de Artigos de residência.

O grupo dos Transportes contabilizou alta de 1,35%, influenciada pelo aumento de 3,69% nos preços dos combustíveis, teve impacto de 0,28 ponto percentual no IPCA-15 de junho. A gasolina registrou elevação de 2,86% em junho e acumula variação de 45,86% nos últimos 12 meses. Também subiram os preços do gás veicular, com alta de 12,41%, do etanol (9,12%) e do óleo diesel (3,53%). No lado das quedas, as passagens aéreas caíram 5,63%, segundo o IBGE, embora o recuo tenha sido menos intenso que o registrado no mês anterior (-28,85%). Os reajustes das passagens do metrô do Rio de Janeiro, de 16%, e de Salvador, de 4,76%.

Entre os grupos pesquisados, Habitação, com alta de 1,67%, apresentou a maior variação, contribuindo com 0,26 ponto percentual no resultado do mês do IPCA-15. O maior impacto nesse grupo, de 0,17 ponto percentual, veio da energia elétrica, com alta de 3,85%, com alta influenciada pelo acionamento da bandeira vermelha patamar 2, com acréscimo de R$ 6,243 a cada 100 kWh consumidos. Em maio, estava em vigor a bandeira vermelha patamar 1, que adiciona um valor menor na conta de luz , de R$ 4,169 para os mesmos 100kWh consumidos. Além disso, no final de abril, foram aplicados reajustes tarifários em algumas áreas de abrangência do índice.

No grupo Alimentação e bebidas, a alimentação no domicílio mostrou desaceleração, com alta passando de 0,50%, em maio, para 0,15%, em junho. Contribuíram para esse resultado os recuos nos preços das frutas (-6,44%), da batata-inglesa (-9,41%), da cebola (-10,32%) e do arroz (-1,91%). Na contramão, as carnes, com alta de 1,14%, o leite longa vida, com elevação de 2,57%, e de alguns derivados como o queijo, com valorização de 1,99%.

Os dados do IBGE ainda mostram alta de 1,08% na alimentação fora do domicílio, com maior variação para o lanche, de 1,67%.

No grupo Saúde e cuidados pessoais, a alta de 0,53%, apresentou menor variação do que em maio (1,23%), que ainda registrava rescaldo do reajuste de até 10,08% no preço dos medicamentos autorizados em abril.

Conforme os dados do IBGE, Belém foi a capital com menor variação regional do IPCA-15, de 0,29%, influenciada pelas quedas de 5,59% nos preços das frutas e de 5,68% nas passagens aéreas. Brasília teve a segunda menor elevação do indicador, com alta de 0,44%. Enquanto isso, Porto Alegre registrou a maior variação entre as 11 capitais pesquisadas, de 1,18%, na qual pesou a alta de 5,65% nos preços da gasolina.

Vicente Nunes