Uma ala do governo anda emitindo sinais de preocupação ao Palácio do Planalto com os possíveis resultados do ajuste fiscal que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, propôs-se a fazer. O temor é de que, com a economia ficando estagnada pelo segundo ano consecutivo e a inflação disparando, puxada, principalmente, pelas tarifas públicas, intensifique-se na classe média o descontentamento com a presidente Dilma Rousseff.
Nos relatos colhidos por esse grupo e repassados a assessores da presidente, as queixas são disseminadas. Vão da traição de Dilma, que vendeu um país dos sonhos na campanha eleitoral, mas está entregando uma fatura que a população não está disposta da pagar, ao medo do desemprego. As reclamações são mais fortes nas regiões metropolitanas do país, onde as informações sobre reajustes da conta de luz e de aumentos de impostos se espalham como rastilho de pólvora.
A grande preocupação é de que, diante dos pesados aumentos de preços que estão por vir, voltem a surgir protestos como os de 2013. Em São Paulo, ainda que longe da força demostrada dois anos atrás, o Movimento Passe Livre, que combate o aumento de passagens de ônibus, está indo às ruas e engordando o número de adesões. Os movimentos sociais acabaram perdendo força. Mas, com a inflação de 7% corroendo o poder de compra das famílias e as demissões batendo à porta de muitos trabalhadores, não há como o governo baixar a guarda. Já admite, inclusive, queda da popularidade de Dilma nos próximos meses.
Na opinião do economista Sílvio Campos Neto, da Tendências Consultoria, é compreensível que a maior parte da população não entenda as medidas de ajustes da economia que estão sendo anunciadas por Levy. Primeiro, porque, ao longo de muito tempo, o governo negou que seria necessário adotá-las. Segundo, porque o Planalto não tem interesse em explicá-las, pois teria que admitir todos os erros cometidos nos últimos quatro anos.
“Os ajustes prometidos pelo ministro da Fazenda são muito importantes para que o país retome o crescimento com a inflação sob controle”, diz Sílvio. “O mercado sabe disso. Mas o cidadão comum não consegue entender o motivo de a conta de luz estar ficando tão cara e de a passagem de ônibus subir. Essas despesas comprometem muito o orçamento das famílias, que já é apertado. A sensação é de que tudo está piorando”, acrescenta. “Nesse contexto, a ansiedade aumenta.”
Essa questão social, por sinal, está sendo monitorada com lupa pelo mercado. Todos querem saber para que lado Dilma penderá quando o desemprego aumentar e as ruas estiverem tomadas por protestos. Manterá total apoio à equipe econômica chefiada por Levy ou se renderá ao grupo petista que não esconde o rancor de ver um ex-colaborador de Aécio Neves sentado na cadeira mais importante da Esplanada dos Ministérios?
Produção no limbo
O Banco ABC Brasil está pessimista em relação ao comportamento da indústria. Prevê queda de 2,8% na produção em dezembro ante o mês anterior e de 3% em 2014. Com isso, revisou novamente para baixo a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no ano passado, agora entre 0% e 0,1%.
Ressaca nas montadoras
O clima está azedo entre as montadoras. Além de colecionarem uma série de nãos do governo nas últimas semanas, estão prevendo uma ressaca nas vendas quando a quarta-feira de cinzas chegar. A corrida que se viu no fim de dezembro e no início de janeiro foi motivada pelo estoque de veículos com IPI reduzido.
Boquinha para Granjeiro
Os concurseiros estão em polvorosa. Não se conformam com o fato de Wilson Granjeiro, dono da rede de cursinhos Gran Cursos, ter assumido um cargo comissionado no Governo do Distrito Federal. Ele sempre pregou o fim das funções ocupadas por indicados políticos, alegando que elas tiravam o lugar de pessoas aprovadas em concurso. O empresário será diretor executivo da Escola do Governo da Secretaria de Estado de Gestão Administrativa e Desburocratização do Distrito Federal.
Boquinha para a mulher de Granjeiro
A raiva dos concurseiros é maior porque a mulher de Granjeiro, Ivonete, também foi agraciada com uma boquinha no GDF. Ela assumiu o pomposo cargo de assessora especial da Diretoria de Acompanhamento e Avaliação da subchefia de Acompanhamento de Ações de Governo da chefia adjunta de Articulação e Coordenação da Casa Civil. Boa ação chegará à UnB
A Motorola Foundation investiu US$ 160 mil no Brasil, beneficiando mais de 15 mil pessoas por meio da concessão de bolsas estratégicas e parcerias. O objetivo é aliar tecnologia e educação para a inclusão digital e a inovação nas comunidades em que a empresa opera. Neste ano, a parceria será estendida à Universidade de Brasília (UnB).
Brasília, 00h01min