A PRESIDENTE DO DESEMPREGO

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A presidente Dilma Rousseff costuma bater no peito para alardear seu compromisso com a proteção dos empregos no país. Vangloria-se de ostentar índices de desocupação menores do que os de governos tucanos. A petista se esquece de dizer, porém, que nenhum outro governante conseguiu destruir o mercado de trabalho em tão curto espaço de tempo como ela. Entre 2015 e 2016, quase 3,5 milhões de vagas com carteira assinada serão destruídas, devido às estripulias cometidas na economia. Dilma já pode ser chamada de a presidente do desemprego.

 

A situação do mercado de trabalho é tão dramática, que até os empregos informais estão desaparecendo, revela o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A renda está despencando e continuará caindo ao longo deste ano. Para não demitir ou fechar as portas, muitas empresas têm cortado salários. As contas estão cada vez mais difíceis de fechar. E a fatura está caindo no colo dos trabalhadores. Dos quase 800 mil jovens que são despejados no mercado todos os anos, menos da metade está conseguindo se empregar, independentemente do nível de escolaridade.

 

Todas as projeções mostram que, com Dilma no governo, o desemprego ganhará contornos alarmantes. Não há perspectiva de retomada dos investimentos que poderiam ampliar as fábricas e o número de vagas. No horizonte das empresas só há demissões. Ninguém acredita na capacidade da presidente de virar o jogo caso consiga sobreviver ao processo de impeachment. A petista destruiu a confiança necessária para estimular o espírito animal do empresariado.

 

Sova nas urnas

 

Dentro do governo, o entendimento é de que a gritaria contra Dilma só não é maior por causa da rede de proteção social que foi criada nos anos anteriores à petista. A política de reajuste do salário mínimo acima da inflação e os gastos maiores com o Bolsa Família e a Previdência Social ajudaram a minimizar, por um longo período, os efeitos nefastos da política econômica da presidente. O estrago, contudo, foi tão grande, que os mecanismos de proteção estão se esgarçando.

 

Apesar das ameaças às quase 50 milhões de pessoas que estão sob esse guarda-chuva social, o governo não acredita que esse público tende a engrossar os blocos de descontentes que têm ocupado das ruas. A reação se dará por meio das urnas. Prefeitos que tentarão a reeleição e candidatos associados a Dilma e ao PT devem levar uma sova. “As queixas são grandes. As pessoas continuam recebendo seus benefícios, mas tiveram que reduzir bastante o consumo porque integrantes das famílias ficaram desempregados”, reconhece um assessor do Planalto.

 

Não é só. O governo também identificou um número maior de aposentados que voltaram a sustentar filhos e netos. Quando a economia estava crescendo e a renda sendo distribuída, muitos dependentes de idosos acabaram encontrando o caminho próprio. Foi um avanço e tanto. Agora, com a onda de demissões e a forte retração no poder de compra, o jeito foi fazer o caminho de volta. “Não há dúvidas de que vemos um retrocesso. Com o idoso sendo obrigado a sustentar um número maior de pessoas, cai a qualidade de vida dele e a dos demais integrantes da família”, diz um técnico da Previdência Social.

 

Riqueza destruída

 

O sofrimento será longo. Com a economia afundando, a capacidade de reação do Brasil quando a crise acabar será muito menor. O Produto Interno Bruto (PIB) potencial desabou. Aos leigos, esse indicador representa o quanto economia pode crescer sem pressionar a inflação. Nos tempos de euforia, estimava-se que o indicador girava entre 3,5% e 4%. Atualmente, está mais próximo de 1%. É um desastre para um país que precisa tanto se expandir para voltar a reduzir as desigualdades que separam ricos e pobres.

 

Dilma está ciente de todo o mal que fez ao Brasil. Tem a exata noção de que boa parte das conquistas advindas da estabilidade econômica se perdeu. Para ela, no entanto, o mais importante é se manter no poder. Não importa se, ao enterrar o impeachment barganhando apoio de deputados, levará o país para um buraco nunca antes visto na história. As previsões são de que, com a petista no Planalto, o PIB deste ano recue até 6%. Confirmado esse quadro, em apenas dois anos, o Brasil jogará pelos ares 10% das riquezas que produziria no período. Algo como R$ 600 bilhões.

 

No vale tudo pelo poder, está liberado destruir sonhos das famílias, comprometer o futuro de gerações, empurrar uma leva de trabalhadores para a marginalidade. Para o governo, é o preço que o país tem que pagar para legitimar a governante eleita democraticamente. Trata-se de um discurso insano, que deve ser combatido com todas as forças enquanto ainda há tempo. O relógio está correndo e todos nós estamos sujeitos a engrossar o exército dos desempregados por Dilma.

 

Brasília, 07h05min