Prefeitura e aposentados de cidade mineira vão à Justiça contra golpe

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A Prefeitura e o Instituto de Previdência Municipal (Iprem) de Pouso Alegre, em Minas Gerais, entraram com ação na Justiça contra, entre outras, a empresa Di Matteo Consultoria Financeira (atual DMF Advisers) por investimentos fraudulentos que causaram prejuízo de mais de R$ 140 milhões aos aposentados da cidade entre os anos de 2012 e 2018.

O dono da então Di Matteo Consultoria, Renato Di Matteo Reginatto, desviou os recursos no Brasil e os enviou para o exterior (cerca de U$ 6,5 milhões) por meio do Fundo Sculptor, administrado pela Gradual Investimentos, de Fernanda Ferraz Braga de Lima de Freitas.

As quantias eram oriundas da fraude contra diversos Regimes Próprios de Previdência Social nos quais Di Matteo figurava como um suposto consultor financeiro e a corretora de Fernanda, como administradora dos fundos de investimento.

Di Matteo, que teve prisão preventiva decretada em 2018, já havia deixado o Brasil quando a fraude veio à tona e vinha levando uma vida de luxo e ostentação nos Estados Unidos, até que foi preso no começo do ano passado ao tentar entrar na Itália, numa viagem internacional cuja motivação jamais foi esclarecida.

As autoridades italianas identificaram o nome de Di Matteo na lista de procurados da Interpol e o prenderam quando desembarcava de um voo vindo de Nova Iorque, na zona do controle de passaportes do aeroporto de Roma.

Tanto Di Matteo quanto os sócios da corretora Gradual Investimentos foram alvos da Operação Encilhamento da Polícia Federal, que investigou fraudes em dezenas de fundos de pensão municipais.

Gradual liderou fraudes

Alguns membros da Gradual Investimentos e a sua principal sócia, Fernanda Ferraz Braga de Lima de Freitas, foram presos à época, acusados de participar de esquema de fraudes sistemáticas em fundos de investimento, que consistiam na aplicação de recursos de institutos de previdências municipais em debêntures (títulos de dívida) sem lastro, emitidos por empresas de fachada constituídas pelo próprio Di Matteo e por Fernanda. As fraudes teriam atingido mais de 28 municípios de diversos Estados e os montantes superariam R$ 1,3 bilhão.

Em outubro de 2018, pouco tempo depois da Operação Encilhamento, a sócia da corretora Gradual Investimentos foi presa no âmbito da Operação Abismo, deflagrada para desarticular um esquema de fraudes no instituto de previdência dos servidores da cidade de Cabo de Santo Agostinho (Caboprev), na região metropolitana de Recife.

Em 15 de junho deste ano, a sócia da Gradual Investimentos, liquidada pelo Banco Central, foi mais uma vez denunciada pelo Ministério Público Federal, agora, pela prática do crime de gestão fraudulenta de instituição financeira no caso dos Fundos Silverado. O MPF apontou novas supostas fraudes em outros fundos de investimento em direitos creditórios (Fidcs), que geraram perdas milionárias aos seus investidores.

Brasília, 15h36min

Vicente Nunes