“Portugal tem que pagar custos da escravidão e da colonização”, admite presidente português

Publicado em Economia

O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou que o país deve pagar os custos da escravidão e da colonização de nações como o Brasil, Angola e Moçambique, que foram explorados à exaustão pela Coroa portuguesa. Ele não disse, porém, como seria esse acerto de contas.

 

Em jantar com jornalistas estrangeiros, o presidente assinalou que Portugal deve assumir “total responsabilidade” pelos erros cometidos durante o período colonialista. Os países africanos só conseguiram a independência nos anos de 1970.

 

“Temos de pagar os custos. Há ações que não foram punidas e os responsáveis não foram presos? Há bens que foram saqueados e não devolvidos? Vamos ver como podemos reparar isso”, assinalou.

 

Estima-se que Portugal tenha traficado mais de 6 milhões de africanos ao longo quase quatro séculos, a maioria, para o Brasil. Escravizados, foram submetidos a todo tipo de tortura e explorados em lavouras e em minas de ouro.

 

As declarações de Rebelo de Sousa surpreendem, porque Portugal sempre se negou a tratar desse tema, de compensação pela exploração colonial e pelo sequestro e escravidão de africanos.

 

Inclusive, a população portuguesa, em sua maioria, não admite que houve abusos durante esse período. Nos livros de história usados nas escolas, Portugal é apresentado sempre como um desbravador, que muitos avanços trouxe para a civilização. O passado escravagista simplesmente é ignorado, uma posição racista, segundo os especialistas.

 

Na avaliação de Rebelo de Sousa, mais do que pedir desculpas por todas as atrocidades cometidas por Portugal, é fundamental assumir as responsabilidades e compensar pelos crimes cometidos. “Pedir desculpas é mais fácil”, enfatizou.

 

Em Portugal, o racismo e a xenofobia em relação aos estrangeiros, a maioria, de ex-colônias, vêm crescendo assustadoramente, impulsionados pela extrema-direita, que endeusa o período colonialista, com Portugal como potência mundial.