Por causa de Bolsonaro, BC pode levar juros a 10% ao ano ou mais

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Com a radicalização do discurso do presidente Jair Bolsonaro, cada vez mais disposto a dar um golpe para se manter no poder, operadores do mercado financeiro admitem que o Banco Central poderá ser obrigado a elevar a taxa básica de juros (Selic) para 10% ao ano ou mais. Hoje, a Selic está em 5,25% anuais.

Economista-chefe da JF Trust Gestão de Recursos, Eduardo Velho acredita que uma Selic de 8,5% ao ano virou piso. Motivo: o recrudescimento da inflação. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) está em 9% ao ano no acumulado dos 12 meses terminados em julho. Nesta quinta-feira (09/09), sairá a taxa de agosto. O economista-chefe da Greenbay Investimentos, Flávio Serrano, aposta em um índice de 0,70% no mês e de 9,49% em 12 meses.

O tamanho da desconfiança do mercado em relação a Bolsonaro pode ser medido pelos resultados do mercado nesta quinta-feira (08/09). A Bolsa de Valores de São Paulo encerrou os negócios com queda de 3,78%, a maior desde 8 de março último, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) anulou os processos contra o ex-presidente Lula. O dólar subiu 2,87%, a R$ 5,325.

Custo Bolsonaro

Em conversas diárias com operadores do mercado e investidores, o Banco Central tem procurado acalmar os ânimos. Mas todo o trabalho dos diretores do BC vai pelo ralo a cada declaração desastrosa do presidente da República. Ele é apontado como o principal fator de instabilidade para a economia do país e deve ser responsabilizado pela maior parte do aumento da inflação.

O compromisso do Banco Central é de aumentar a taxa Selic em mais um ponto percentual neste mês, para 6,25% ao ano. Mas não está descartada a possibilidade de o aperto monetário ser maior, de 1,25 ponto. O BC sabe que a inflação deste ano já está dada. A grande preocupação é segurar as expectativas para 2022, que caminham para 5%.

Para especialistas, juros de 10% ao ano serão um choque e desastrosos para a economia, que está em franco processo de desaceleração. Muitas instituições financeiras estão prevendo que o Produto Interno Bruto (PIB) de 2022, quando Bolsonaro tentará a reeleição, crescerá apenas 1%. Ou seja, nada.

Brasília, 21h01min

Vicente Nunes