Eurípedes deveria ter prestado depoimento na segunda (13/01), mas não compareceu. Em uma petição enviada pela defesa, Eurípedes informa que não foi para a oitiva por conta de um compromisso em Brasília, e disse que vai se manter em silêncio. Na peça, Eurípedes pede a suspeição do delegado, para que ele seja afastado do caso, por ser seu inimigo capital e, “inclusive, ter sugerido sua prisão”.
Ao Blog, Cristiomário afirmou que não se considera inimigo de Eurípedes. “Ele cometeu um crime capital. Cabe à polícia fazer seu papel, e investigar. Suspeição de delegado não existe. Essas alegações devem ser feitas na Justiça”, disse. No relatório, o delegado afirma que, além das agressões previstas na Lei Maria da Penha, o político também cometeu o delito de exercício arbitrário das próprias razões”, pois, depois de agredir a filha, teria tomado a força o carro que estava em poder dela.
Tapas e pontapés
Em depoimento à polícia, Rebecca afirmou que se encontrou com o pai no escritório dele, em Planaltina de Goiás. Chegando lá, Eurípedes pediu o carro dela, pelo qual se dispunha a pagar R$ 15 mil. Ela contou não ter aceitado a proposta e saído do local. No entanto, o político teria ido atrás da filha, tomado a chave do veículo e a agredido com tapas e pontapés.
A jovem afirmou ainda que foi jogada no chão por Eurípedes e que ele levou o carro e jogou as coisas dela pela janela. A ocorrência foi registrada em Goiás e no Distrito Federal.
Eurípedes está no centro de um suposto esquema de corrupção no Pros. A Executiva Nacional do Pros decidiu, no sábado (11/01), destituí-lo do cargo de presidente da legenda e suspender a sua filiação por três meses.
No entanto, seus advogados alegam que a remoção dele do posto não tem validade legal. A reunião para tratar do assunto, realizada na sede do partido, no Lago Sul, terminou em confusão, como revelou o Correio. O secretário do partido, que integra o grupo que se opõe a Eurípedes, acusou um funcionário de tentar atropelá-lo a mando do ex-dirigente.
Infrações disciplinares
Eurípedes foi deposto da gestão da sigla por “diversas infrações disciplinares, especialmente por desviar recursos partidários e negociar a legenda em evidente prejuízo do partido e para auferir vantagens financeiras e pessoais”, de acordo com a certidão de suspensão.
Ainda no cargo, ele foi alvo de uma série de reportagens do Correio em 2017. Na época, Eurípedes foi acusado de utilizar o dinheiro público para a compra de um helicóptero, mansões, um avião bimotor e de contratar funcionários terceirizados por meio de empresas de parentes com o dinheiro público.
Ao menos quatro denúncias contra Eurípedes foram apresentadas pelo Ministério Público Federal (MPF). Uma delas se refere ao helicóptero da fabricante Robinson, modelo R-66, prefixo PP-CHF, avaliado em R$ 2,8 milhões, que é utilizado para os deslocamentos do ex-vereador da cidade de Planaltina de Goiás, local onde o Pros foi fundado, até uma casa pertencente à legenda, no Lago Sul. Essa denúncia é um dos argumentos usados pela Executiva Nacional do Pros para afastá-lo da presidência do partido.
Em 2018, Eurípedes foi alvo da Polícia Federal. A prisão dele foi decretada na Operação Partialis, deflagrada para combater o desvio de recursos públicos na aquisição de gases medicinais em Brasília e no Pará. De acordo com a PF, os envolvidos no esquema investigado pela operação desviaram R$ 2 milhões em contratos com o setor público. Ele passou cinco dias foragido até se apresentar à superintendência da corporação, em Brasília.
Brasília, 17h10min