RODOLFO COSTA
A articulação para conceder regras diferenciadas para policiais federais, rodoviários federais, legislativos e policiais civis do Distrito Federal foi construído ao longo da madrugada desta quarta-feira (10/7) a 10 mãos pela bancada do Podemos. O líder do partido no Senado, Alvaro Dias (PR), procurou o líder da legenda na Câmara, José Nelto (GO), e, dali, se iniciou uma interlocução descentralizada com apoio dos deputados Aluísio Mendes (MA), José Medeiros (MT) e Léo Moraes (RO).
Eram cerca de 00h quando Nelto foi procurado por Alvaro, que pediu para o partido não retirar o destaque referente à aposentadoria especial para os policiais. Dito e feito, afinal, o líder na Câmara nem pensou em fazer algo diferente. “A gente pereceria diante das categorias se fizéssemos isso. Nosso comprometimento é com o Brasil. Cuidamos de quem ensina, ou seja, dos professores, e de quem nos fornece a segurança, os policiais”, disse Nelto ao Blog.
Do contato com Alvaro, Nelto começou a articular com líderes partidários auxiliado de Medeiros, Moraes e Mendes para fechar um acordo para atender os pleitos das categorias. “Com a sessão suspensa e adiada para hoje, varamos a noite conversando com os líderes no WhatsApp. Fui dormir às 4h e acordei às 6h para retomar as conversas”, destacou Nelto.
Batido o martelo e com o apoio das lideranças em mãos, faltava o aval da equipe econômica. Conforme o Blog informou na terça-feira (9/7), a articulação em estudo e defendida por outros partidos, como o DEM — que teve atuação ativa do deputado Luis Miranda (DEM-DF) –, era discutir a aposentadoria dos policiais por meio de uma emenda aglutinativa. O empecilho era conseguir a chancela do ministro da Economia, Paulo Guedes.
Aval
Desde que Guedes criticou os parlamentares por “abortarem” a Nova Previdência, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), sinalizou a líderes que só encamparia mudanças à proposta com aval do ministro, a fim de evitar desgastes com a “usina de crises” do governo. As rusgas no relacionamento entre os dois abriu espaço para o secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, chancelar modificações ao texto. Foi o que aconteceu.
O Podemos levou a articulação construída ao conhecimento de Marinho por volta das 11h desta quarta-feira. A informação era de que o impacto à economia em 10 anos seria de R$ 1,6 bilhão. Para pôr um fim às desavenças dentro do próprio governo e em partidos dispostos a votar a reforma, o articulador da equipe econômica deu aval à emenda aglutinativa.
O acordo capitaneado pelo Podemos prevê a integralidade da aposentadoria policial, o último salário recebido, e a paridade, ou seja, reajustes iguais aos servidores da ativa. A emenda estabelece, também, idade mínima de 53 anos para homens e 52 anos para as mulheres, além de pensão integral para a família dos policiais.