A tensão aumentou muito no Palácio do Planalto ante a possibilidade de a Copa América se tornar um fiasco. Assessores do presidente Jair Bolsonaro já levantam a possibilidade de jogadores da Seleção Brasileira, em especial, os que atuam na Europa, estarem atuando nos bastidores para convencer outros times a acompanharem a decisão do grupo brasileiro de boicotar a competição.
“Vemos um complô em andamento”, diz um assessor próximo de Bolsonaro. Para ele, estão tentando manchar a imagem do presidente, que “assumiu o ônus” de aceitar a realização da Copa América no Brasil depois de o torneio ser rejeitado pela Colômbia e pela Argentina. “Virou uma guerra política”, acrescenta.
No entorno do presidente, admite-se que o boicote à Copa América terá um custo político enorme para Bolsonaro, que bancou a realização do evento no Brasil mesmo em meio à pandemia do novo coronavírus. O país caminha rapidamente para 500 mil mortes pela covid-19 — somente os Estados Unidos têm mais vítimas da doença.
A ordem do presidente da República é para que não haja recuo no seu propósito de realização da Copa América no Brasil, pois o assunto virou uma “questão de honra”. O início dos jogos está marcado para 13 de junho. No Planalto, ainda há a torcida para que os jogadores da Seleção e a equipe técnica chefiada por Tite sejam enquadrados pela CBF.
“Não se pode esquecer que a remuneração da Seleção por jogar a Copa América é muito alta. O prêmio pela vitória no torneio também é compensador. Certamente, os jogadores sabem bem disso”, diz outro integrante do Planalto. “Vamos ver o que fala mais alto, o bolso ou a posição política”, frisa.
Ciente de que Bolsonaro pode ser submetido a um vexame mundial, o Planalto corre para tentar evitar o boicote da Seleção Brasileira à Copa América. “Os jogadores não podem desafiar o presidente”, assinala, revoltado, o mesmo integrante do Planalto.
Brasília, 19h21min