James Bullard, presidente do Federal Reserve (Fed) de Saint Louis, prevê um quadro dramático para os Estados Unidos por causa dos efeitos devastadores do novo coronavírus na economia. Pelos cálculos dele, o Produto Interno Bruto (PIB) da maior economia do planeta poderá registrar queda de até 50% no segundo trimestre do ano, o que nunca se viu na história, com a taxa de desemprego saltando para 30% — hoje, a taxa está em 3%. As declarações foram feitas à Bloomberg.
As projeções de Bullard, que chefia uma das regionais do Banco Central dos EUA, são muito piores do que as divulgadas por vários bancos norte-americanos. O JPMorgan Chase projeta recuo de 14% do PIB norte-americano entre abril e junho. O Bank of America e a Oxford Economics estimam queda de 12%. Já o Goldman Sachs fala em tombo de 24%. Todos esses números levam em consideração a paralisação quase que total da economia dos EUA no período para tentar conter a propagação da Covid-19.
Diante desse quadro, Bullard pediu, segundo a Bloomberg, uma poderosa resposta fiscal à crise para compensar as perdas de receitas do setor produtivo de US$ 2,5 trilhões no segundo trimestre. Para ele, somente essa ação será capaz de garantir uma forte recuperação da economia dos EUA depois de passado o auge dos estragos provocados pelo novo coronavírus. Bullard diz ainda que o Fed está pronto para fazer o que for necessário a fim de garantir que os mercados funcionem durante um período de alta volatilidade.
Tudo está sobre a mesa
Segundo o presidente do Fed de Saint Louis, “tudo está em cima da mesa” no que diz respeito a programas adicionais de empréstimos a bancos e empresas. “Há mais que podemos fazer, se necessário. Provavelmente, há muito mais (por fazer) nos próximos meses, dependendo de onde o Congresso quiser ir”, frisa, na mesma entrevista, lembrando que o Legislativo e a Casa Branca precisam agir rapidamente em conjunto sobre um enorme programa de ajuda.
Bullard destaca que o grande objetivo, no combate ao coronavírus, é fazer “um desligamento parcial planejado e organizado da economia dos EUA no segundo trimestre. O objetivo geral, garante ele, “é manter todos, famílias e empresas, inteiros” com o apoio do governo. “É um choque enorme, e estamos tentando lidar com isso e mantê-lo sob controle”, emenda.
Na semana passada, o Fed reiniciou os programas usados durante a crise financeira de 2008 para ajudar os mercados de títulos e moedas. Isso, depois de reduzir as taxas de juros para quase zero e prometer aumentar sua participação no Tesouro em pelo menos US$ 500 bilhões e em títulos hipotecários em pelo menos US$ 200 bilhões.
Brasília, 22h01min