PIB dos EUA cai 0,9% no segundo trimestre e país entra em recessão técnica

ROSANA HESSEL

Um dia após o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) anunciar o quarto aumento da taxa básica de juros em 2022, o Bureau of Economic Analysis (BEA) informou que o Produto Interno Bruto (PIB) norte-americano encolheu 0,9% no segundo trimestre de 2022, confirmando recessão técnica — quando há dois trimestres seguidos de taxa negativa do PIB.

No primeiro trimestre, o PIB da maior economia do mundo encolheu 1,6%.  “O recuo do PIB refletiu quedas no investimento privado em estoque, investimento fixo residencial, gastos do governo federal, gastos dos governos estaduais e municipais e investimento fixo não residencial que foram parcialmente compensados ​​por aumentos nas exportações e despesas de consumo pessoal (PCE)”, informou a nota do BEA, divulgada nesta quinta-feira (28/7) com os dados da primeira estimativa do PIB de abril a junho. A segunda estimativa será divulgada em 25 de agosto.

Conforme o comunicado, a desaceleração no ritmo da queda do PIB foi resultado do aumento das exportações, queda nas importações e de menores gastos do governo federal, “que foram parcialmente compensados por maiores quedas no investimento privado em estoque e nos gastos dos governos estaduais e municipais”.

Ontem, o Fed elevou a taxa básica em 0,75 ponto percentual, e, com isso a faixa de juros pagos pelos títulos públicos (treasuries) passou para 2,25% a 2,50% ao ano.

“Recessão técnica nos EUA reforça sinal do Fed de desaceleração futura dos juros, mas a expectativa é negativa para resultados das empresas norte-americanas no segundo semestre”, destacou Eduardo Velho, economista-chefe da JF Trust Gestora de Recursos.

Os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, atrás apenas da China. Logo, uma recessão na maior economia norte-americana deve impactar negativamente o país.

Antes mesmo da divulgação dos dados do PIB dos EUA, abaixo das expectativas do mercado, que esperavam alta de 0,3%, os  índices das bolsas de Nova York estavam em queda. No Brasil, índice futuro da Bolsa de Valores de São Paulo (B3) também operava no vermelho antes da abertura.