ROSANA HESSEL
O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 7,7% no terceiro trimestre, na comparação com os três meses imediatamente anteriores e com ajuste sazonal, maior variação desde o início da série em 1996, dado insuficiente para recuperar as perdas provocadas pela pandemia, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo levantamento da Austin Rating, esse resultado coloca o Brasil no 25º lugar em um ranking de 60 nações das quais 51 tiveram os dados divulgados, ou seja, com desempenho intermediário para o PIB brasileiro.
Os dados da Austin mostram que o avanço do PIB brasileiro ficou abaixo da média total de 8,4%, mas acima da média de 5,2% dos países do Brics, bloco dos países emergentes integrado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. A lista é liderada por Tunísia e França, com altas de 19,8% e 18,7%, respectivamente. México, com crescimento de 12,1% no trimestre, é o país latino-americano melhor posicionado, em 11º lugar.
Na avaliação do economia-chefe da Austin, Alex Agostini, apesar de o avanço do PIB do Brasil no 3º trimestre ter ficado abaixo das estimativas e da mediana do mercado, de 8,8%, o resultado registado pelo IBGE não foi totalmente frustrante.
“O Brasil vem melhorando a cada trimestre de posição nas últimas medições do PIB. Antes, ficava sempre entre as últimas colocações, ao lado de Rússia e Ucrânia que estavam com problemas desde 2011, mas agora está se posicionando em um patamar intermediário”, avaliou. “O dado não frustrou, mas meio um pouco abaixo da nossa expectativa, de 8,4%, mas o país está no caminho para encerrar o ano com queda de 4,2% no PIB, pelas nossas estimativas. Este ano é um ano de recuperação e, portanto, é compreensível ficar no meio da tabela”, acrescentou.
No entanto, Agostini reconheceu que o país tem muito mais problemas do que as demais economias. “Os problemas fiscais, principalmente, se arrastam desde 2014 e isso trava o crescimento. Portanto, se tivéssemos uma situação fiscal melhor, muito provavelmente, o país estaria acima dessa posição atual”, destacou. Para ele, a frustração deverá ocorrer em 2021, se o governo não resolver logo a questão fiscal.
“O nosso crescimento estimado, de 3,3%, no ano que vem, poderá sim ser frustrado se não houver solução para a questão fiscal. Ainda estamos longe de ser aquela economia que consegue crescer de forma sustentável”, frisou.
Veja alguns países na listagem elaborada pela Austin:
País Variação do PIB no 3º tri em relação ao 2º tri
1 Tunísia 19,8%
2 França 18,7%
3 Malásia 18,2%
4 Espanha 16,7%
5 Itália 15,9%
11 México 12,1%
21 Alemanha 8,5%
24 Polônia 7,9%
25 Brasil 7,7%
26 Holanda 7,7%
27 Estados Unidos 7,4%
50 Coreia do Sul 2,1%
51 Arábia Saudita 1,2%
Média geral 8,4%
Média Brics 5,2%
Média da Zona do Euro 3,0%