HAMILTON FERRARI
O Itaú Unibanco estima que o Produto Interno Bruto (PIB) deve crescer apenas 1% em 2018. Ou seja, a taxa será menor do que a registrada no ano passado, quando marcou 1,1%. Na prática, haverá desaceleração da recuperação econômica. O atraso na reforma da Previdência e o cenário externo conturbado prejudicam a retomada.
Antes, o banco estava com projeção de 1,3% para a atividade econômica. Para 2020, a expectativa diminui de 2,5% para 2%. Segundo o relatório da instituição financeira, a fraqueza na atividade econômica e a inflação baixa abrem espaço para cortes na taxa Selic, que atualmente está em 6,5% ao ano. “Mas este cenário continua sendo condicional à aprovação da reforma da Previdência”, informou o documento.
A proposta em tramitação é fundamental para reequilibrar as contas públicas. Os orçamentos dos estados e do governo federal estão tomados por despesas obrigatórias. Segundo o Tesouro Nacional, 94% do que é gasto pelo Executivo Federal é para o custeio destes itens, em especial as aposentadorias obrigatórias. Ou seja, restam apenas 6% para investimentos em outras áreas e estímulos para o desenvolvimento da economia.
O Itaú ainda revisou a estimativa de deficit primário de 2019, passando de 1,5% para 0,8% do PIB. Agora, a instituição financeira incluiu nos cálculos o leilão da cessão onerosa, que está marcado para fim de outubro deste ano e possibilitará uma receita extraordinária para o setor público. “Para 2020, pioramos nossa estimativa de 1,0% para 1,1% do PIB. O cenário é estritamente dependente da aprovação da reforma da Previdência, cujo impacto em termos fiscais deve ser entre 50% e 75% da proposta enviada pelo governo”, comunicou o banco.
O texto feito pelo Ministério da Economia estima que, em 10 anos, será possível economizar R$ 1,236 trilhão. Se a previsão do Itaú se confirmar, o impacto fiscal será de, pelo menos, R$ 618 milhões em uma década.