Segundo especialistas, os postos estão aproveitando os momentos de turbulência para ampliar as margens de lucro. Como a fiscalização da Agência Nacional de Petróleo (ANP) é deficiente, os donos de postos se sentem confortáveis para meter a mão no bolso dos motoristas.
“Estou indignado”, diz o comerciante João dos Santos, 47 anos. “O que estão fazendo com os preços dos combustíveis é uma vergonha. A Petrobras faz o que quer, os postos fazem o que querem. Ninguém se preocupa com os consumidores”, acrescenta. Para ele, o governo tem que acompanhar mais de perto o que está acontecendo.
Na avaliação da servidora Cilene Soares, 42, o governo só está se movimentando agora em relação aos abusos no mercado de combustíveis porque tem interesses políticos, as eleições estão chegando. Também se sentiu ameaçado pela crise que pode ser criada pela greve dos caminhoneiros. “Enfim, o governo só age em situações limites”, ressalta.
Segundo o médico Getúlio Santana, 51, do jeito que as coisas estão descontroladas, mesmo que o governo reduza impostos com o intuito de diminuir o valor dos combustíveis nas bombas, nada garante que os consumidores serão beneficiados. “A Petrobras reduz preços, mas a gasolina sobe nos postos. O mesmo deve ocorrer se houver diminuição de impostos”, acredita.
No governo, o clima é de apreensão. A avaliação que se faz é que a crise dos combustíveis vai destruir de vez a imagem do presidente Michel Temer. Será difícil convencer a população que os combustíveis estão ficando mais caros por causa da alta do petróleo no mercado internacional e da valorização do dólar. “Isso não entra na cabeça dos consumidores”, reconhece um assessor do Palácio do Planalto.
Brasília, 11h03min