O clima é de fim de festa entre integrantes da equipe econômica. Além de não conseguirem implantar nenhuma medida importante para reverter o explosivo deficit público e de estarem impotentes ante os projetos que aumentam gastos aprovados pelo Congresso, os técnicos já trabalham com perspectiva de queda de até 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre do ano. Se essa projeção se confirmar, o PIB de 2018 não passará de 1%. “Esse é pior cenário com o qual estamos trabalhando, mas não está longe de se confirmar”, diz um dos técnicos.
Segundo ele, a desaceleração do crescimento já vinha se desenhando desde março, mas, com a greve dos caminhoneiros, o ritmo da atividade desandou de vez. Para piorar, as eleições entraram no radar de empresários, investidores e consumidores. A incerteza sobre o que será o país a partir de 2019 fez os investimentos produtivos praticamente secarem. “Ninguém se mexe. Está todo mundo esperando o resultado das urnas para tomar decisões”, acrescenta o técnico. “Isso é ruim demais para o país, sobretudo por causa do elevado índice de desemprego.”
Oficialmente, a ordem dentro do governo é para dizer que todos os esforços estão sendo feitos para garantir o maior crescimento possível da economia. A previsão inicial era de que o PIB cresceria 3% neste ano. Aos poucos, porém, a realidade foi falando mais alto. O Banco Central cortou sua estimativa para o PIB de 2,6% para 1,6% e o Ministério da Fazenda fará o mesmo nos próximos dias, mudando a projeção do PIB de 2,5% para 1,6%. “Mas sabemos que mesmo esse crescimento de 1,6% é uma projeção otimista demais”, destaca outro integrante da equipe econômica.
A percepção que se tem, entre os técnicos, é de que todos estão ali para cumprir tabela e para evitar que a atividade degringole de vez. “Não vamos jogar a toalha. Mas os agentes econômicos têm a clara percepção de que o governo acabou. Não tem mais nada para fazer, a não ser evitar o pior até que o próximo presidente tome posse. É uma situação desalentadora”, diz um influente servidor. “Fico triste em dizer isso, mas é a mais pura verdade.”
Brasília, 19h07min