POR SIMONE KAFRUNI
Se o seu nome for aprovado pelo conselho de administração da Petrobras, Pedro Parente assumirá a presidência da estatal com a obrigação de administrar um prejuízo acumulado desde 2014 de R$ 57,5 bilhões. O colegiado vai apreciar a indicação do executivo na próxima segunda-feira. Parente também ocupará uma cadeira no conselho da empresa. Para os especialistas, o endividamento de R$ 450 bilhões da Petrobras e a liberdade para fixar os preços dos combustíveis serão outros desafios para o executivo, que foi ministro da Casa Civil do governo de Fernando Henrique Cardoso.
Na opinião do professor de economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Adilson de Oliveira, como já foi ministro e tem experiência na coordenação de atividades com o Congresso, Parente tenderá a ter mais facilidade para resolver pendências que visem melhorar a saúde da companhia. “Essa experiência é fundamental. A empresa precisa de mudanças que têm de ser aprovadas no Legislativo, como a privatização ou venda dos ativos de gás natural e a discussão sobre as novas regras do pré-sal”, alertou.
Para o professor de finanças do Ibmec/DF Marcos Melo, a indicação de Parente tem o respaldo do mercado. “Ele é ótimo gestor e mostrou que tem força política. Trabalhou muito bem sob pressão, durante o apagão de 2001, e foi bem-sucedido e respeitado em outras áreas”, afirmou. O especialista lembrou que, no seu primeiro discurso, Parente tranquilizou o mercado ao sinalizar que não vai aceitar indicações políticas para cargos na petroleira.
Oliveira é mais cético: “É inocente imaginar que as indicações para a Petrobras não terão conotação política”, rebateu. Para ele, será fundamental que Parente dê continuidade aos desinvestimentos. “São essenciais para a empresa se recompor. Outra questão crucial será a liberdade de fixar preços. O governo deve aumentar a Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) sobre os combustíveis. Isso vai limitar a capacidade da Petrobras de manter valores compatíveis com os do mercado internacional”, sublinhou.
No entender de Marcos Melo, do Ibmec, Parente terá que rever cada um dos contratos para aferir o nível de endividamento da empresa. “Muita coisa precisa ser refeita conforme a tendência do preço do petróleo no mercado mundial”, sustentou. O professor disse, ainda, que o futuro presidente tem que analisar as operações do pré-sal e definir uma estratégia de recuperação da credibilidade da Petrobras. “A prioridade será reduzir a dívida ou melhorar a qualidade do endividamento para a empresa voltar a crescer”, completou.
Brasília, 12h34min