Parente disse a Temer que não queria ser um estorvo para o governo. Ele lembrou que, quando aceitou o convite para comandar a Petrobras, o presidente lhe deu garantia de que a estatal teria liberdade para definir os preços dos combustíveis. Agora, esse compromisso foi rompido.
O pedido de demissão foi confirmado por meio de nota pela Petrobras: “A Petrobras informa que o senhor Pedro Parente pediu demissão do cargo de presidente da empresa na manhã de hoje. A nomeação de um CEO interino será examinada pelo Conselho de Administração da Petrobras ao longo do dia de hoje. A composição dos demais membros da diretoria executiva da companhia não sofrerá qualquer alteração. Fatos considerados relevantes serão prontamente comunicados ao mercado.”
Há, dentro do governo, uma determinação para suspender o ajuste diário dos combustíveis, política que, segundo Parente, permitiu à Petrobras voltar a registrar lucro depois de três anos seguidos de perdas. Somente no primeiro trimestre deste ano, a estatal computou ganhos de R$ 7 bilhões.
O maior crítico de Parente dentro do governo é o ministro de Minas e Energia, Moreira Franco. Tanto que ele instala, nesta sexta, um grupo de trabalho para discutir um modelo de correção dos preços dos combustíveis que impeça que a volatilidade da cotação internacional do petróleo chegue ao consumidor.
Com a notícia da demissão de Parente, o mercado financeiro entrou em parafuso. A Bolsa de Valores entrou no vermelho e as negociações com as ações da empresa foram suspensas. O dólar encostou nos R$ 3,77. Para os investidores, o governo acabou de decretar a intervenção na Petrobras.
Pela política de preços da Petrobras, os ajustes são feitos para cima e para baixo, de acordo com cotação do petróleo no mercado internacional e a variação do dólar. Com a greve dos caminhoneiros, o governo decidiu congelar os preços do diesel por 60 dias. A correção do combustíveis será, agora, mensal.