RODOLFO COSTA
Em uma conversa na manhã desta sexta-feira (01/06) com o presidente Michel Temer, Pedro Parente pediu demissão da Petrobras. Ele, que completou dois anos no cargo, vinha sendo apontado como pivô da greve dos caminhoneiros, por causa da política de preços da estatal.
Parente disse a Temer que não queria ser um estorvo para o governo. Ele lembrou que, quando aceitou o convite para comandar a Petrobras, o presidente lhe deu garantia de que a estatal teria liberdade para definir os preços dos combustíveis. Agora, esse compromisso foi rompido.
O pedido de demissão foi confirmado por meio de nota pela Petrobras: “A Petrobras informa que o senhor Pedro Parente pediu demissão do cargo de presidente da empresa na manhã de hoje. A nomeação de um CEO interino será examinada pelo Conselho de Administração da Petrobras ao longo do dia de hoje. A composição dos demais membros da diretoria executiva da companhia não sofrerá qualquer alteração. Fatos considerados relevantes serão prontamente comunicados ao mercado.”
Há, dentro do governo, uma determinação para suspender o ajuste diário dos combustíveis, política que, segundo Parente, permitiu à Petrobras voltar a registrar lucro depois de três anos seguidos de perdas. Somente no primeiro trimestre deste ano, a estatal computou ganhos de R$ 7 bilhões.
O maior crítico de Parente dentro do governo é o ministro de Minas e Energia, Moreira Franco. Tanto que ele instala, nesta sexta, um grupo de trabalho para discutir um modelo de correção dos preços dos combustíveis que impeça que a volatilidade da cotação internacional do petróleo chegue ao consumidor.
Com a notícia da demissão de Parente, o mercado financeiro entrou em parafuso. A Bolsa de Valores entrou no vermelho e as negociações com as ações da empresa foram suspensas. O dólar encostou nos R$ 3,77. Para os investidores, o governo acabou de decretar a intervenção na Petrobras.
Pela política de preços da Petrobras, os ajustes são feitos para cima e para baixo, de acordo com cotação do petróleo no mercado internacional e a variação do dólar. Com a greve dos caminhoneiros, o governo decidiu congelar os preços do diesel por 60 dias. A correção do combustíveis será, agora, mensal.