Em dezembro de 2016, o presidente da Petrobras deu uma longa entrevista ao Correio. Fez questão, em vários momentos, de frisar que a empresa teria autonomia para fixar os preços dos combustíveis. Foi o que se viu até a noite de quarta-feira (23/05), quando a estatal anunciou redução de 10% nos preços do diesel e congelamento dos valores por 15 dias. Veja um trecho de suas declarações ao Correio.
Há possibilidade de o presidente da República ligar e dizer “não aumentem o preço da gasolina agora”?
Não há essa possibilidade. Não vai acontecer. Quando o presidente Temer me convidou, nós conversamos longamente sobre como eu penso que deveria ser gerida a Petrobras e como ele pensa. Houve uma convergência muito grande sobre a necessidade de a empresa ter liberdade de lidar com uma variável que é fundamental para reduzir a dívida e fazer a virada. E, além disso, em condições normais, operar como qualquer empresa. Como houve essa coincidência de pontos de vista, estou muito tranquilo de que não haverá uma ligação como essa vinda do presidente Michel Temer. No contexto dessa conversa, ele assegurou algumas condições para a gestão da Petrobras: a composição da direção e do conselho só com pessoas com perfil correto, com experiência e integridade; e a outra, de que ele não vai tomar qualquer decisão que não seja baseada na racionalidade econômica. Essas condições que o presidente Temer assegurou nenhum outro presidente da Petrobras, em um passado recente, teve. E elas permitem que a gente faça o que precisa ser feito. E nós vamos fazer.
Infelizmente, essa é a realidade do país. O que se diz é muito diferente da prática. O governo de Michel Temer, por sinal, tem sido pródigo em falar uma coisa e fazer outra. Isso reforça toda a fragilidade do emedebista, que precisa ceder a todas as pressões para continuar no cargo.
Certamente, se houver uma terceira denúncia contra o presidente, ele não terá força suficiente para se livrar, pois perdeu sua principal fonte de sustentação, o Congresso. Candidato à Presidência da República, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, decidiu partir para o embate com Temer.
Nessa empreitada, Maia conta com o apoio do senador Eunício Oliveira (MDB-CE), que busca a reeleição e quer, a todo custo, se descolar do governo. Eunício está mais próximo do que nunca do PT de Lula.
Brasília, 09h46min