RODOLFO COSTA
Os desentendimentos entre o secretário especial de Produtividade, Emprego e Competitividade do ministério da Economia, Carlos da Costa, e o presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Luiz Augusto de Souza Ferreira — mais conhecido como Guto —, não são recentes. O Blog apurou que, desde março, os dois estão em pé de guerra.
A desavença teria começado ao fim do primeiro trimestre do ano, quando Carlos teria pedido para o presidente da ABDI fazer uma viagem a trabalho para Dubai, nos Emirados Árabes, sem agenda a ser cumprida. “Essa ordem gerou um mal estar entre os dois, a ponto de o Guto ter chamado o Carlos de ‘vagabundo’”, relata uma pessoa próxima de Ferreira.
Os relatos vêm sendo comentados em desabafos de Guto a pessoas próximas e até a trabalhadores públicos e demais colaboradores da ABDI. Ele se sente com a corda no pescoço. Afinal, o próprio presidente Jair Bolsonaro pediu investigações sobre as acusações feitas por ele a Carlos. Caso seja demitido, no entanto, ele promete “cair atirando”. “Se ele for demitido sozinho, vai jogar a ‘merda’ no ventilador”, comentou uma pessoa que trabalha na agência. Guto o acusa de receber “pedidos não republicanos” na autarquia.
O presidente da República continua incomodado com as acusações expostas a público. Interlocutores dizem, no entanto, que ele está mais irritado com Guto, que levou a lavagem de roupa suja à imprensa. Não por apreço ao secretário do ministro da Economia, Paulo Guedes, que também está ameaçado de demissão. Nesta terça-feira (3/9), desconversou sobre qual dos dois será demitido. “Quem decide é o Paulo Guedes. Já está certo, está sendo apurado e vai ser resolvido. Não pode é alguém falar aquilo de outro sem que tenha alguma consequência”, declarou.
Defesa
Procurados, Costa e Gusto voltaram a emitir os mesmos posicionamentos informados à imprensa. Em nota, Carlos da Costa refuta “terminantemente” ter feito “qualquer pedido não republicano”. E reitera que sua atuação sempre seguiu “explicitamente as normas aplicáveis à Administração Pública Federal e aos princípios da ética e da integridade”.
“Todas as solicitações feitas pelo secretário foram literal e rigorosamente pautadas pelos princípios de economicidade, legalidade e legítimo interesse público. Nesse sentido, o secretário determinou que o atendimento das solicitações só poderia ser feito após a manifestação favorável das áreas jurídicas competentes”, informou a assessoria de imprensa.
Diante do exposto, Carlos da Costa comunicou que está tomando as providências judiciais para interpelar Guto sobre as “denúncias infundadas”. Procurado, o presidente da ABDI informou, por meio da assessoria, que não vai comentar as declarações do presidente Jair Bolsonaro.