A pedalada dos números do Planejamento

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As pedaladas fiscais que praticamente apearam Dilma Rousseff do poder fizeram escola no governo, em especial, no Ministério do Planejamento. Não bastasse ter errado nas contas sobre o impacto do reajuste dos servidos nas contas públicas entre 2016 e 2018 (as despesas extras passaram de R$ 52,9 bilhões para R$ 67,7 bilhões, uma diferença nada trivial de R$ 14,8 bilhões), agora, o órgão está tentando esconder que os aumentos vão superar, de longe, a inflação.

 

Vamos aos fatos. Pelos novos cálculos do Planejamento, o impacto dos reajustes neste ano será de R$ 7 bilhões; em 2017, de R$ 25,2 bilhões; e, em 2018, de R$ 35,6 bilhões. Beleza. Mas, quando mostra a evolução da folha de salários, o ministério usa outros números para explicar o custo do aumento do salário. Intuito: criar a ilusão de que a alta da folha será inferior à inflação. Por esse parâmetro, o custo do reajuste será de R$ 11,6 bilhões neste ano; de R$ 13 bilhões, em 2017; e de R$ 11,0 bilhões em 2018.

 

De onde vem essa diferença? O Planejamento até agora não soube informar.

 

Se forem considerados os aumentos de R$ 7 bilhões, de R$ 25,2 bilhões e de R$ 35,6 bilhões, a folha de salários do funcionalismo federal saltará de R$ 252,4 bilhões em 2016 para R$ 277,6 bilhões em 2017, um salto de 9,98%. Quando a fatura é acrescida do impacto de R$ 35,6 bilhões, a folha em 2018 alcançará R$ 313,2 bilhões, com correção anual de 12,8%. Ou seja, bem acima da inflação projetada para 2017 (5,5%) e para 2018 (5,0%).

 

Já pelas contas maquiadas do Planejamento, a folha de salários passará de R$ 252,4 bilhões para R$ 256,2 bilhões entre 2016 e 2017 (alta de 5,1%) e para R$ 267,2 bilhões em 2018 (mais 4,1%). Nesses casos, vale o discurso do governo de que o custo com o funcionalismo ficará abaixo da variação do custo de vida.

 

São tantos os números, que, realmente, é fácil, confundir quem não está familiarizado com o tema. Mas basta uma olhada mais atenta à tabela publicada pela Planejamento para ver que os números não batem. É inaceitável esse tipo de comportamento.

 

Veja o link da tabela do Planejamento: http://www.planejamento.gov.br/assuntos/relacoes-de-trabalho/nota-de-esclarecimento-2013-reajustes-dos-servidores

 

Brasília, 14h32min