Os investidores estão assustados — a Bolsa de Valores despencou quase 2% — com a declaração do presidente Jair Bolsonaro de que o Congresso pode reduzir a idade mínima de aposentadoria para mulheres, de 62 para 60 anos, na proposta de reforma da Previdência. Mas não há razão para tanto susto. O chefe do Executivo sempre foi a favor de uma idade mínima menor para as mulheres e para os homens.
Até o último instante de a equipe econômica apresentar o projeto de reforma, Bolsonaro defendeu idades mínimas menores de aposentadorias. Tanto que, ao fim de seu governo, em 2022, as idades serão de 57 anos paras as mulheres e de 62 para os homens.
Bolsonaro acabou aceitando ser mais rigoroso, depois de ouvir os apelos do ministro da Economia, Paulo Guedes, de que seria uma desmoralização para ele e para a equipe dele apresentar uma proposta frouxa de reforma, contrariando o discurso sustentado até ali. Guedes também prometeu crescimento maior da economia com uma reforma mais dura.
Quem se deu ao trabalho de rever os discursos de Bolsonaro antes de ele ser eleito presidente sabe que o capitão reformado sempre foi contra a reforma da Previdência. Ele foi mudando o discurso ao longo da campanha, orientado por Guedes. Recentemente, pediu desculpas por ter votado contra as propostas anteriores de mudanças na Previdência.
No que depender de Bolsonaro, a reforma poderá ser desfigurada sem estresses pelo Congresso. Ele não quer ficar com a pecha de que impôs um custo alto demais aos trabalhadores. Para ele, quanto mais amenas forem as mudanças no sistema previdenciário, melhor. Por isso, também o sinal para mudança no BPC, que garante benefícios aos idosos mais velhos.
O lado populista do presidente sempre falará mais alto. Resta saber o que fará seu superministro da Economia, que tem feito um esforço monumental para manter intacto o grosso da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) da Previdência, que prevê economia de R$ 1,1 trilhão em uma década. Paulo Guedes vai aceitar ser desmoralizado?
Brasília, 15h01min