Para assessores de Bolsonaro, está cada vez mais claro que as ações do ministro da Economia estão se encaixando cada vez menos no governo. Não por acaso, abriu-se um fosso de ruídos entre o Palácio do Planalto e a equipe econômica.
“Alguém pode dizer alguma notícia boa para o governo que tenha saído do Ministério da Economia mais recentemente?, indaga um dos assessores mais próximos do presidente da República. “Pelo contrário, tudo o que está saindo da equipe econômica vem criando problemas para Bolsonaro“, acrescenta.
Problemas, segundo esse assessor, que se resumem a polêmicas criadas junto ao público de mais baixa renda, justamente aquele que o presidente mais conta para elevar sua popularidade. “Pesquisas internas do Planalto apontam que disparou a aprovação do governo entre aqueles que ganham até 2,5 salários mínimos”, frisa.
Apoio a Bolsonaro, mas com ressalvas
As pesquisas internas indicam, porém, algumas ressalvas: o apoio desse público a Bolsonaro não é consolidado. Há uma certa desconfiança ainda em relação ao presidente. “Portanto, quando surgem notícias de que o governo quer prejudicar os mais pobres, acabar com a correção do salário mínimo, congelar as aposentadorias, o presidente reage”, assinala o assessor.
Bolsonaro não pensa em outra coisa que não seja a reeleição. Portanto, reconhecem auxiliares, ele montou uma estratégia política que muitos dizem ser confusa, mas que conversa muito com os menos escolarizados e os mais pobres. O presidente manipula a opinião pública.
Nessa manipulação, vale, inclusive, enfraquecer Guedes publicamente, criticá-lo em praça pública, dar cartão vermelho a integrantes da equipe dele. Ao mesmo tempo, o presidente passa a mão da cabeça do Posto Ipiranga, indicando a investidores e empresários que apóia a política liberal do ministro da Economia.
A pergunta que mais incomoda os assessores próximos a Guedes é: até quando ele está disposto a ser o estorvo útil para Bolsonaro. Quem conhece o ministro sabe que ele tem o ego elevado, mas, por enquanto, está aceitando a fritura sem reclamar.
Brasília, 18h25min