Paulo Guedes demite Waldery Rodrigues da secretaria especial da Fazenda

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ROSANA HESSEL E MARINA BARBOSA

O ministro da Economia, Paulo Guedes, demitiu o secretário especial da Fazenda, Waldery Rodrigues. A demissão foi confirmada nesta terça-feira (27/04) e ocorre em meio aos impasses do Orçamento de 2021, que ainda não foram totalmente resolvidos após a sanção da peça orçamentária na semana passada.

Fontes do governo informam que, depois do desgaste que o Posto Ipiranga teve ao manter Waldery no cargo quando o presidente Jair Bolsonaro pediu a cabeça do braço direito de Guedes, o ministro não conseguiu mais mantê-lo no posto, pois “cansou do auxiliar”. “Foi muito desgaste. O ministro cansou”, disse uma fonte da Esplanada.

Para o lugar de Waldery no comando da Fazenda estão sendo cogitados dois nomes: do secretário do Tesouro Nacional, Bruno Funchal, e o de Jeferson Bittencourt, assessor especial de Guedes. Funchal assumiu o Tesouro em julho de 2020, após a saída de Mansueto Almeida, que foi considerado como a maior perda para o governo, por especialistas, porque era o maior defensor da austeridade fiscal.

Bittencourt poderá assumir o lugar de Funchal no Tesouro Nacional. O secretário de Orçamento, George Soares, também deverá deixar o cargo e, para o seu lugar, está sendo cotado o Ariosto Antunes Culau, que já fez parte da secretaria-executiva da pasta. Em 2016, ele teve o nome barrado pelos representantes da sociedade civil, donos de metade dos assentos do Conselho Curador para integrar o conselho do FI-FGTS.

No ano passado, chefe da Fazenda foi ameaçado com um cartão vermelho depois que vazou para a imprensa a ideia de congelar aposentadorias para bancar o Renda Brasil. E, recentemente, voltou para o foco por conta do imbróglio do Orçamento.

Waldery é um dos grandes defensores do ajuste fiscal, mas apenas no discurso, porque não fez o que tinha que ser feito durante a votação do Orçamento e, por conta disso, vinha perdendo credibilidade junto aos agentes financeiros. Ele demonstrava que era favorável ao ajuste da peça orçamentária, que sofreu uma série de cortes, inclusive, em gastos obrigatórios, para poder abarcar as emendas parlamentares acertadas entre o presidente Jair Bolsonaro e o Centrão.

Vale lembrar que o Orçamento de 2021 foi aprovado pelo Congresso sem que o valor do salário mínimo de R$ 1.100 fosse atualizado, e isso também ajudou para que as despesas ficassem subdimensionadas e a peça orçamentária se tornasse inexequível.

Além do secretário especial da Fazenda, também está de saída da equipe econômica a assessora especial Vanessa Canado, que vinha trabalhando na proposta de reforma tributária do governo. Ela, inclusive, trabalhou com o economista Bernard Appy na elaboração da proposta de reforma que foi adotada pela Câmara dos Deputados, a PEC 45. Por isso, o time liberal do ministro Paulo Guedes fica ainda mais reduzido na Esplanada dos Ministérios e os grandes nomes iniciais do chamado “dream team” evaporaram-se.

Martha Seillier, secretária Especial da Secretaria do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), estaria de saída rumo ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), de acordo com fontes da pasta. Outra baixa na equipe confirmada por fontes é a saída da secretária especial adjunta, Yana Dumaresq Sobral Alves.

Desde o ano passado, o ministro Paulo Guedes vem sofrendo uma série de baixas. Neste ano, por exemplo, já saíram da equipe econômica o ex-secretário de Desenvolvimento e Gestão de Pessoas, Wagner Lenhart; o ex-presidente do Banco do Brasil, André Brandão; e o ex-presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco. Já no ano passado, deixaram o governo os ex-secretários Mansueto Almeida (Tesouro Nacional), Salim Mattar (Desestatização e Privatização), Paulo Uebel (Desburocratização), em um movimento de insatisfação com o ritmo das reformas econômicas que Paulo Guedes chamou de “debandada”.

Vicente Nunes