Paulo Guedes deixou de ser “ídolo” para boa parte da equipe dele

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Basta meia hora de conversa com técnicos da equipe econômica para se constatar que o encanto em relação ao ministro Paulo Guedes acabou para muito deles. Guedes chegou ao Ministério da Economia como ídolo, um liberal que faria uma revolução num país acostumado a mamar nas tetas do Estado.

Quase um ano e meio depois de empossado e de ostentar o título de superministro, Guedes, na visão de parte de seus subordinados, mostrou-se incapaz de atacar os principais problemas da economia, muito pelo ego inflado e por se submeter aos caprichos do presidente Jair Bolsonaro.

Mais: os desapontados técnicos dizem que a visão reacionária da Guedes é assustadora. O ministro, acredita esse grupo, não tem nenhuma visão social. E, de tão vaidoso que é, aceita ser traído por Bolsonaro para continuar no cargo. “É uma fixação. Engana-se quem diz que ele sairá do governo a cada derrota que sofre”, diz um auxiliar do ministro.

Os que perderam o encanto por Guedes ressaltam, ainda, a incapacidade dele de gerir uma máquina tão grande quanto o Ministério da Economia, resultado da fusão de várias pastas. A percepção é de que, além da ineficiência, Guedes criou feudos, com alguns secretários tão ou mais vaidosos que o chefe.

30 anos de espera

Sempre se soube que o sonho de Paulo Guedes foi comandar a equipe econômica do país. Tentou isso durante 30 anos, mas nenhum dos grupos de economistas que passaram pelo governo se sentiu estimulado a ter uma pessoa como Guedes na equipe. Foi preciso Bolsonaro vencer a eleição para que o “Posto Ipiranga” emergisse.

Para os técnicos, os resultados da economia neste ano, por causa da pandemia do novo coronavírus, explicitarão a falta de capacidade de Guedes para liderar um grande projeto de proteção ao país. O Brasil terá, por equívocos do governo, um dos piores resultados econômicos do mundo e será um dos últimos a se recuperar.

Não por acaso, a desconfiança dos investidores, sobretudo os estrangeiros, em relação ao país é grande. Guedes é parecido demais com Bolsonaro.

Brasília, 16h01min

Vicente Nunes