GuedesCCJ Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Paulo Guedes deixou de ser “ídolo” para boa parte da equipe dele

Publicado em Economia

Basta meia hora de conversa com técnicos da equipe econômica para se constatar que o encanto em relação ao ministro Paulo Guedes acabou para muito deles. Guedes chegou ao Ministério da Economia como ídolo, um liberal que faria uma revolução num país acostumado a mamar nas tetas do Estado.

 

Quase um ano e meio depois de empossado e de ostentar o título de superministro, Guedes, na visão de parte de seus subordinados, mostrou-se incapaz de atacar os principais problemas da economia, muito pelo ego inflado e por se submeter aos caprichos do presidente Jair Bolsonaro.

 

Mais: os desapontados técnicos dizem que a visão reacionária da Guedes é assustadora. O ministro, acredita esse grupo, não tem nenhuma visão social. E, de tão vaidoso que é, aceita ser traído por Bolsonaro para continuar no cargo. “É uma fixação. Engana-se quem diz que ele sairá do governo a cada derrota que sofre”, diz um auxiliar do ministro.

 

Os que perderam o encanto por Guedes ressaltam, ainda, a incapacidade dele de gerir uma máquina tão grande quanto o Ministério da Economia, resultado da fusão de várias pastas. A percepção é de que, além da ineficiência, Guedes criou feudos, com alguns secretários tão ou mais vaidosos que o chefe.

 

30 anos de espera

 

Sempre se soube que o sonho de Paulo Guedes foi comandar a equipe econômica do país. Tentou isso durante 30 anos, mas nenhum dos grupos de economistas que passaram pelo governo se sentiu estimulado a ter uma pessoa como Guedes na equipe. Foi preciso Bolsonaro vencer a eleição para que o “Posto Ipiranga” emergisse.

 

Para os técnicos, os resultados da economia neste ano, por causa da pandemia do novo coronavírus, explicitarão a falta de capacidade de Guedes para liderar um grande projeto de proteção ao país. O Brasil terá, por equívocos do governo, um dos piores resultados econômicos do mundo e será um dos últimos a se recuperar.

 

Não por acaso, a desconfiança dos investidores, sobretudo os estrangeiros, em relação ao país é grande. Guedes é parecido demais com Bolsonaro.

 

Brasília, 16h01min