Para Planalto, Banco Central perdeu todos os argumentos para conservadorismo com juros

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O Palácio do Planalto comemorou os índices de inflação divulgados hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O índice de dezembro ficou em 0,30% e o de 2016, em 6,29%, abaixo do teto da meta, de 6,50%. Em ambos os casos, os números ficaram abaixo das estimativas de mercado.

Com isso, acredita o Planalto, o BC perdeu todos os argumentos que vinha usando para manter uma política de juros extremamente conservadora. A aposta, agora, é de queda de 0,75 ponto percentual na taxa básica (Selic) na reunião de hoje do Comitê de Política Monetária (Copom). A se confirmar essa aposta dos assessores diretos do presidente Michel Temer, a Selic baixará para 13% ao ano.

Em seus documentos oficiais, o BC vinha alertando para a necessidade de queda da inflação corrente. Nos últimos quatro meses, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desabou, fechando aquém da média mensal de 0,37% considerada ideal para o custo de vida ficar no centro da meta, de 4,5%.

O BC cobrava ainda que as estimativas de inflação para 2017, 2018, 2019 e 2020 ficassem ancoradas em 4,5%, o que também ocorreu. Na questão fiscal, a autoridade monetária pedia avanços em projetos para equilibrar as financas do país. O Congresso aprovou a emenda à Constituição que limita o aumento dos gastos públicos. E mais: o governou encaminhou ao Legislativo a proposta de reforma da Previdência Social.

Em meio a esses avanços, a recessão se aprofundou. “Portanto, não há porque o BC se manter tão cauteloso. Uma queda mais forte dos juros hoje dará ânimo novo à atividade”, diz um dos mais próximos ministros de Temer. “Não há o que o presidente do BC, Ilan Goldfajn, temer”, acrescenta. Até a divulgação da inflação de dezembro, a aposta majoritária no mercado era de corte de 0,5 ponto na Selic.

Bradília, 09h07min

Vicente Nunes